O agro também depende de infraestrutura

Por Ivan Ramos, diretor executivo FECOAGRO

É comum ouvirmos nos meios políticos e empresariais que a infraestrutura pública ou privada é fundamental para viabilizar o desenvolvimento e o progresso das comunidades e, por consequência, das pessoas. Também ouvimos com frequência que as rodovias e ferrovias são os caminhos para a competitividade dos transportes que o setor produtivo precisa no mercado interno e no exterior. Por outro lado, existe um slogan não muito agradável, especialmente para um país com potencial comprovado de exportador: o custo Brasil inviabiliza muitos negócios. Temos muitas deficiências estruturais que precisamos resolver com urgência para continuar nosso processo de desenvolvimento, que tem avançado, é verdade, mas que ainda está carente de decisões e ações políticas. Rodovias e ferrovias são fundamentais para o transporte da produção, mas o escoamento para o exterior depende dos portos. Esse setor é outro gargalo que afeta o setor empresarial que deseja exportar ou importar.

Em SC, especialmente, a situação tem se tornado insuportável. O principal porto de graneis, em São Francisco do Sul, não tem acompanhado o alto nível de demanda de importações e exportações. O porto, que está sob administração do governo do estado, tem divulgado seu alto crescimento de cargas, reconhecendo a deficiência de estrutura, mas não ressalta os custos que isso tem ocasionado para os seus usuários. Atrasos nas atracações dos navios têm provocado alto risco de perdas de prazos técnicos para entrega dos fertilizantes nas janelas de plantio.

Os altos custos de estadias dos navios que ficam esperando vagas para atracar são ônus arcados pelos importadores ou exportadores. Essa deficiência é um prejuízo direto que não beneficia ninguém, nem mesmo os donos dos navios, que preferem estar viajando em vez de parados nos portos. Além das deficiências naturais de um porto sem capacidade de absorver todas as demandas, e, diga-se de passagem, que não é de hoje, ainda há denúncias de preferências para determinados produtos em detrimento de outros, fruto da ingerência política por ser um porto público. A administração do porto nega que haja preferências de atracação de navios, e afirma que a Autoridade Portuária atua dentro das regras do porto, mas a prática mostra que o setor de fertilizantes tem sido o mais penalizado. Há necessidade urgente de revisar a regulamentação do uso dos terminais, a fim de que não haja prejuízo para a cadeia do agro. O agro depende da importação de fertilizantes para produzir grãos e, na sequência da cadeia, produzir proteína, principal produto de exportação do agro catarinense, setor responsável por inúmeros empregos no campo e na cidade, além de ser o motor da economia nas principais regiões do estado. Como não dispomos de fertilizante suficiente no mercado interno, dependemos das importações, e essas dependem dos portos. Alguma providência precisa ser tomada, além de alardear que o porto ampliou seu volume de operação. Estradas e ferrovias são importantes, mas sem portos para escoar a produção, pouco vai contribuir para o desenvolvimento do estado. Com a palavra, os responsáveis pelos portos catarinenses. Pense nisso.

Fonte: Fecoagro

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