Privatização da Deso vai precarizar serviço de saneamento em Sergipe

No dia 4 de setembro, o governador de Sergipe, Fábio Mitidieri (PSD), vendeu a companhia de saneamento do estado na Bolsa de Valores de São Paulo. Trabalhadores denunciam que privatização da Deso precarizará os serviços de água e esgoto para o povo

Redação SE


No último dia 4 de setembro, em um leilão na Bolsa de Valores de São Paulo, o governador de Sergipe, Fábio Mitidieri (PSD), leiloou a Companhia de Saneamento de Sergipe (Deso), que oferece serviços de água e esgoto no estado. A venda foi feita para a Iguá Saneamento, que arrematou a empresa pública por R$4,5 bilhões. O valor está muito abaixo do lucro que a empresa já deu ao estado, tendo em vista que somente em 2022 a Deso fechou o ano com um superávit de mais de R$40 milhões.

Em uma verdadeira festa contra o povo sergipano, reunidos na Bolsa de Valores estavam o governador, o prefeito de Aracaju Edvaldo Nogueira (PDT), os senadores Laércio Oliveira (PP) e Alessandro Vieira (MDB). Todos comemorando a vitória do seu projeto privatista.

O que significará essa privatização para o povo sergipano?

De maneira mais objetiva, o governador vendeu os serviço mais baratos e lucrativos para o setor privado, que são a distribuição da água, o tratamento de esgoto e o faturamento. Os demais serviços, como captação, transporte e tratamento de água continuarão com a Deso.

A venda do serviço de faturamento significa que a empresa privatizada poderá regular o preço das contas de água e esgoto. Em diversos estados brasileiros, já se comprovou que isso se traduz em um aumento significativo das tarifas. Na região metropolitana de Maceió, estado vizinho, a BRK Ambiental, empresa privada, cobra uma tarifa de R$ 126,00 por 10m³ de água com taxa de 100% de esgoto. Já em Sergipe, a Deso, empresa pública, cobra hoje R$ 75,33 com 80% de taxa de esgoto, preço bem menor.

Para o povo sergipano, que segundo dados da PNAD Contínua tem a quinta maior taxa de desemprego do Brasil, essa mudança representará um peso ainda maior no bolso mensalmente. Além disso, as empresas privadas não têm interesse em manter a distribuição de água e tratamento de esgoto para regiões que não são lucrativas, como as pequenas cidades do estado.

Outro exemplo do que pode acontecer vem de Tocantins: nesse estado, o governo privatizou em 1998 o saneamento dos 139 municípios do estado à empresa BRK Ambiental, do grupo Odebrecht. Porém, em 2010, o modelo fracassou e os empresários devolveram ao Estado a concessão de 78 municípios que não davam retorno financeiro. O caso demonstra a verdadeira face do capital, que tem como único objetivo o lucro, mesmo que isso signifique precarizar a vida de milhares de pessoas com a falta de saneamento, questão fundamental para a saúde pública.

Trabalhadores questionam a venda

Em entrevista ao jornal A Verdade, Aécio Ferreira, secretário-geral do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria de Purificação e Distribuição de Água e em Serviços de Esgoto de Sergipe (SINDISAN), disse: “Com a privatização da Deso, os trabalhadores sofrerão com o risco de perderem seus empregos. Se a nova Deso, que será responsável pela captação e tratamento da água, não apresentar viabilidade econômica e financeira, certamente ocorrerá um processo de demissões”.

Isso se dá porque a parte sobre a qual a Deso continuará atuando é a parte mais custosa do serviço, tendo em vista os altos custos com energia e produtos químicos para captação e tratamento da água.

Em nota, o SINDISAN afirmou:

“Hoje é um dia nefasto para os trabalhadores e trabalhadoras em saneamento de Sergipe e, também, para a população sergipana, especialmente a parcela mais carente e vulnerável socialmente, a parte que será mais afetada com esse entreguismo deliberado do atual governo, que, diante da sua incompetência administrativa, em lugar de trabalhar para melhorar a oferta e os serviços de abastecimento de água e esgotamento sanitário, estratégicos para o desenvolvimento do Estado, preferiu o caminho mas fácil da privatização, de olho apenas nas gordas cifras da outorga que entrarão nos cofres do governo e das prefeituras, para gasto ao bel prazer dos mandatários de plantão, numa grande farra que está por vir… Um verdadeiro butim.”

O caminho que se tem pela frente é da construção de uma ampla mobilização popular para mostrar a população sergipana que a privatização da Deso é um crime contra o povo trabalhador. Nesse sentido, o jornal A Verdade sempre será voz ativa na denúncia das privatizações e de toda a lógica do capital que ataca os direitos do povo para aumentar sua taxa de lucro e exploração.

 

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