Haddad e Lula retomam discussões sobre cortes de gastos com ministros

O governo federal segue intensificando o debate sobre medidas de ajuste nas contas públicas. Nesta segunda-feira (4), após mais de três horas de reunião no Palácio do Planalto, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, agendou um novo encontro com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva para terça-feira (5). A próxima reunião contará com a participação de outros ministros, com o objetivo de avançar nas definições sobre os cortes de gastos planejados pela equipe econômica.

Na primeira rodada de conversas, além de Haddad e Lula, estavam presentes os ministros Simone Tebet (Planejamento), Esther Dweck (Gestão) e Rui Costa (Casa Civil), todos integrantes da Junta de Execução Orçamentária (JEO). Eles discutiram as propostas de ajuste fiscal com ministros de áreas estratégicas, como Luiz Marinho (Trabalho), Nísia Trindade (Saúde) e Camilo Santana (Educação).

Apesar de o encontro ter sido longo, nenhum dos ministros conversou com a imprensa ao final. Em uma nota divulgada pela assessoria do Ministério da Fazenda, foi informado que o “quadro fiscal do país” foi apresentado e compreendido pelos participantes, assim como as propostas em discussão.

A próxima fase das negociações visa ampliar o debate para que outros ministérios também possam contribuir com suas visões e ajustes. A Fazenda ainda não divulgou quais ministros participarão dessa nova etapa. O governo busca, antes de anunciar oficialmente as medidas, alinhar internamente todas as informações, evitando ruídos e mal-entendidos. Esse cuidado se intensificou depois que rumores surgiram na semana anterior, levando o ministro do Trabalho, Luiz Marinho, a ameaçar deixar o cargo caso não fosse consultado sobre as mudanças no Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS).

Questionado recentemente sobre a possibilidade de alterações no FGTS, Marinho reafirmou que tal debate não existe sem sua participação. “Se ninguém conversou comigo, não existe discussão sobre mudanças”, afirmou. Ele acrescentou que, se uma decisão for tomada sem sua contribuição, ele consideraria isso uma agressão ao seu papel no governo.

Haddad e Lula se reúnem novamente para definir medidas de ajuste fiscal

Entre as propostas discutidas pela equipe econômica, está o limite de crescimento real dos gastos com saúde e educação, seguindo o arcabouço fiscal, com um teto de 2,5% ao ano. Além disso, sugere-se aumentar de 30% para 60% a parcela do Fundeb contabilizada no piso de despesas com educação. Emendas parlamentares e o programa Pé-de-Meia também fazem parte do arranjo.

Haddad afirmou que, do ponto de vista técnico, o pacote de medidas está “adiantado” e que o anúncio oficial deve ocorrer ainda nesta semana. Diante da pressão do mercado e a pedido de Lula, o ministro adiou uma viagem à Europa, permanecendo em Brasília para finalizar as negociações e garantir um consenso antes de apresentar as propostas ao Congresso Nacional. As medidas esperadas devem focar principalmente em políticas públicas que o governo federal considera ineficientes.

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