Há 150 anos, Marx discutia a redução da jornada de trabalho

Em meio à luta pelo fim da escala 6×1, leia um trecho de “O Capital” onde Karl Marx analisa “a luta pela limitação da jornada de trabalho, um embate que se trava entre a classe capitalista e a classe trabalhadora”.

Guilherme Arruda | Redação SP


Nos últimos dias, a bandeira do fim da escala 6×1 ganhou os corações e mentes de trabalhadores e trabalhadoras de todo o Brasil. A pauta ganhou tanta força que manifestações em defesa da abolição dessa jornada de trabalho abusiva foram convocadas em todas as principais cidades brasileiras para a sexta-feira (15/11), e há expectativa de que milhares de pessoas compareçam aos atos.

Apesar da dimensão impressionante que essa mobilização tomou no país nesta semana, a reivindicação de uma jornada de trabalho mais justa não começou agora. Há quase duzentos anos, o movimento operário trava essa luta: desde o século XIX, a bandeira das oito horas de trabalho diárias (que, vale dizer, ainda não foi alcançada no Brasil) movimentou milhões de homens e mulheres nos quatro cantos do mundo.

Isso porque, seja na escravidão colonial ou nas fábricas, os exploradores já impuseram 14 e até mesmo 16 horas diárias de trabalho. Apesar disso, historicamente, as greves e a resistência dos sindicatos e demais formas de organização dos trabalhadores conquistaram leis que proíbem essas jornadas ainda mais abusivas. No Brasil, a luta pelo fim da escala 6×1 é uma continuidade dessa luta por uma vida mais digna para quem trabalha, com direito a descanso, lazer e cultura.

Karl Marx, um verdadeiro professor do movimento operário, tratou do tema em sua obra. Na sua principal análise crítica do sistema capitalista, o livro chamado O Capital (1867), ele identificou a jornada de trabalho como um dos principais pontos de embate entre a burguesia e os operários. Marx aponta: “O tempo em que o trabalhador trabalha é o tempo durante o qual o capitalista consome a força de trabalho que comprou. Se o trabalhador consome em seu proveito o tempo que tem disponível, furta o capitalista. O capitalista apoia-se na lei de troca de mercadorias. Como qualquer outro comprador procura extrair o maior proveito possível do valor de uso de sua mercadoria.”

Ele continua: “Entre direitos iguais e opostos decide a força. Assim, a regulamentação da jornada de trabalho se apresenta, na história da produção capitalista, como luta pela limitação da jornada de trabalho, um embate que se trava entre a classe capitalista e a classe trabalhadora”. Por isso, fica claro que só a luta organizada dos operários pode impor limites à ganância da classe capitalista, regulamentando a jornada de trabalho em marcos mais favoráveis para quem trabalha.

Ainda no ano de 2014, o jornal A Verdade publicou em suas páginas a reflexão de Marx de que fazem parte os trechos acima, localizados no Capítulo 8 do Livro I d’O Capital. Desde sua primeira edição, há 25 anos, A Verdade se dedica à difusão da teoria marxista entre os trabalhadores, convocando-os a se conscientizar e se organizar para a luta pelo fim de sua exploração pelos capitalistas.

Neste momento em que é preciso dar todo o impulso à luta pelo fim da jornada 6×1 no Brasil, convidamos todos a lerem o texto “A jornada de trabalho“, excerto da obra de Marx, no jornal A Verdade.

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