Feirantes relatam dificuldades em local provisório

Em meio às reformas que transformam o Complexo do Ver-o-Peso, o mercado mais famoso de Belém vive uma rotina marcada pelo som de obras e pelo impacto aos feirantes. Financiadas pela Itaipu Binacional com investimento de R$64 milhões, as reformas prometem devolver um espaço revitalizado, mas os avanços têm se mostrado desafiadores para quem depende do movimento da feira para sobreviver.Iniciadas em fevereiro, as intervenções incluem áreas como o Mercado de Carnes, o Mercado do Peixe, a Feira do Açaí, a Ladeira do Castelo e a feira principal. A obra, que visa preparar Belém para a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas, a COP 30, em 2025, ainda enfrenta a insatisfação de trabalhadores que, diariamente, lidam com os transtornos de uma estrutura em constante mudança. Para a atendente Daniele Ferreira, 43, que trabalha há 4 anos no local, o cronograma demorado tem gerado desconforto.

“É cansativo, estressante. Às vezes chego aqui e tenho vontade de voltar para casa, porque o espaço que estamos não é agradável. O pessoal não quer entrar na área provisória e a venda cai demais. Esperamos que termine logo, porque a feira precisa voltar a ser o que era”. As realocações e a espera têm sido um obstáculo para o trabalho de Kátia Cileni, 37, atendente, que também enfrenta dificuldades. “O movimento da feira caiu e as reclamações dos clientes são constantes. As pessoas que chegam não sabem onde estão os boxes, que é algo que nos prejudica”, afirmou.A autônoma Eliana Nascimento, 53, feirante há mais de 15 anos no ramo da comida, ainda não foi realocada para os espaços reservados para quem trabalha com refeição, como ocorreu com alguns feirantes. Com a promessa de que deve se mudar para onde estão sendo realizadas a continuidade das obras, ela compartilha que “os prazos que sabemos são de que até dezembro isso deve estar pronto, mas não sabemos se vai ser isso mesmo”.Mesmo com as dificuldades, alguns feirantes tentam ver o lado positivo. Cláudio Lobato, 65, que trabalha há quase três décadas na Feira do Peixe, acredita que a nova estrutura trará melhorias em longo prazo. “Aqui é difícil, mas o saldo é positivo; esperamos que fique melhor para todo mundo. Seguimos com esperança de que as obras terminem no ano que vem”, disse.Quer saber mais notícias do Pará? Acesse nosso canal no WhatsappA Prefeitura, por meio da Secretaria Municipal de Urbanismo (Seurb), declarou que a obra está organizada em cinco etapas e atualmente possui diversas frentes de trabalho, e que o Complexo abrange as áreas da feira principal, estacionamento, Mercado de Peixe, Mercado de Carne, Ladeira do Castelo e Feira do Açaí.“Nos Mercados de Peixe e Carne já iniciaram os serviços de reforma e restauro, com avanço hoje de 60% e prazos de entregas para fevereiro e junho de 2025, respectivamente. A revitalização da Feira do Açaí já andou em 65% e o prazo de conclusão é até dezembro deste ano; a feira tradicional está em 45% e o prazo de finalização é outubro de 2025”.Os próximos passos incluem a instalação de novas lonas, com previsão de entrega até dezembro de 2024. E a construção de mais 168 boxes para setores variados, como alimentação – refeição, lanche, mingau e açaí –, além da manutenção de áreas restauradas, como a Ladeira do Castelo, que recebeu um aporte de R$1,2 milhão.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.