Sobre viajar sozinha

Viajar sozinha é como apertar o botão de pausa e me reconectar comigo mesma. É aquela chance de desacelerar, refletir, e entender melhor o que está rolando aqui dentro.

Mas, vamos combinar, não é todo mundo que encara a ideia com facilidade. Parece desafiador, e é mesmo. Ainda mais para mulheres, que muitas vezes lidam com inseguranças extras, não importa se estão viajando sozinhas ou em grupo.

A verdade é que o mundo lá fora tem riscos, mas também é cheio de possibilidades incríveis – e é disso que eu gosto.

A última vez que viajei sozinha foi por um motivo bem prático: trabalho. Duas semanas que me levaram do RD Summit, em São Paulo, ao Web Summit, em Lisboa. Confesso que o objetivo inicial era outro, mas foi impossível não ser impactada.

Esses eventos abriram minha cabeça de um jeito que eu não esperava. Foi sobre marketing, conexões humanas, inovação e sobre como o mundo está se movendo. E, ao chegar no Web Summit, a grandiosidade do evento internacional me pegou de jeito – chorei mesmo, de emoção.

Não pude deixar de lembrar do meu intercâmbio em Valência, na Espanha. Lembro como se fosse ontem: passar pelo raio X do aeroporto e me despedir das pessoas que amo, sentindo aquele mix de orgulho e medo do que estava por vir.

Só que percebi algo importante: não é só viajando que a gente sente essa “solidão corajosa”. Pode ser ao dar uma palestra, fazer uma apresentação importante ou até em algo mais simples, como enfrentar uma consulta médica sozinha. O ponto é que cada um desses momentos nos desafia e nos mostra do que somos feitos.

Eu até poderia escrever mais um texto sobre os “principais insights e aprendizados” desses eventos, mas resolvi compartilhar o que mais mudou dentro de mim. Afinal, por mais que você leia sobre tendências, novidades e experiências, nada realmente mudará se você não viver tudo isso de verdade.

E sabe o que descobri? O desconhecido sempre me trouxe boas surpresas. Viajar sozinha é se abrir – para lugares, pessoas e, principalmente, para nós mesmos. É encarar os tropeços, aprender a se comunicar, mesmo que as palavras saiam todas bagunçadas. Não é sobre ter tudo sob controle, mas sobre se permitir viver o momento.

Claro, às vezes bate aquela vontade de compartilhar. “Ah, como seria legal ter alguém aqui comigo.” Mas também aprendi que minha companhia é mais do que suficiente. Já reparou como muita gente perde experiências incríveis por não querer fazer nada sozinha? Não seja essa pessoa. Vá ao restaurante, peça aquele prato especial, sente-se em um café e observe o mundo ao redor. Vai por mim, isso é liberdade.

No fim, ninguém viaja realmente sozinho. Levamos nossas histórias, pessoas que amamos e acabamos carregando um pedacinho das novas que encontramos pelo caminho.

E o mais bonito é perceber que o conceito de casa é muito maior. Ela vai com a gente, esteja onde estivermos.

Viajar sozinha não é só sobre conhecer o mundo lá fora. É sobre se redescobrir. E, por mais desafiador que seja, é também profundamente recompensador.

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