Vivo e TIM ignoraram regra que dificultaria plano para matar Moraes

Em novembro de 2021, a Agência Nacional de Telecomunicações (ANATEL) implementou no chamado Projeto Cadastro Pré-Pago, a ID Digital, como parte do processo de validação cadastral, no qual o consumidor precisa, além de informar seus dados pessoais, enviar uma foto sua (selfie) e do seu documento de identificação ao adquirir um chip de qualquer operadora de telefonia.Segundo a Polícia Federal (PF), as operadoras TIM e Vivo descumpriram essa regra, que dificultaria o plano golpista de militares para assassinar o ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal).O plano foi organizado por meio de mensagens de aplicativo de celulares pré-pagos cadastrados em nomes de terceiros. Eles conseguiram comprar os chips da Vivo e da TIM usando dados de outras pessoas porque as operadoras não exigem o cadastro da biometria. A agência reguladora passou a exigir em 2021 que as empresas implementassem esse cadastro com identificação digital.VEJA TAMBÉMBolsonaro e demais indiciados podem ter salários suspensosSTF deve julgar Bolsonaro em 2025 para evitar ano eleitoralPF aponta os núcleos de atuação dos golpistas indiciadosO plano de assassinato foi executado —e abortado— em dezembro de 2022. Ou seja, um ano depois do que foi determinado pela agência reguladora.A Anatel informa que instaurou um procedimento administrativo para avaliar as medidas adotadas por parte das operadoras.No relatório enviado ao ministro, a Polícia Federal aponta que a Claro exigia a biometria e, por isso, os números da operadora não foram utilizados no esquema.Fraude de dados nos telefones pré-pagosNa decisão do ministro Alexandre de Moraes que determinou a prisão dos militares e autorizou a operação, a PF mostra como era o esquema de fraude.De acordo com os investigadores, o grupo usou codinomes de países que disputaram a Copa do Mundo de 2022 para ocultar as reais identidades. O procedimento é chamado de anonimização.Em um dos casos, os militares roubaram a identidade de um homem após um acidente de trânsito e cadastraram um chip no dia 8 de dezembro de 2022 — uma semana antes de a operação para matar o ministro ser deflagrada.Todos os envolvidos usaram codinomes para conversar no grupo “Copa 2022”. Foram escolhidos os países “Alemanha”, “Argentina”, “Brasil”, “Áustria”, “Gana” e “Japão”.Quer mais notícias sobre política? Acesse nosso canal no WhatsAppA investigação mostrou que os militares cadastraram esses codinomes com chips usando dados de homens que moram em Alagoas, Bahia e Belo Horizonte.Segundo a PF, os tenentes-coronéis Rafael Martins de Oliveira e Rodrigo Azevedo seriam “Japão” e “Áustria”, respectivamente. Eles foram alvo da operação na terça (19), assim como o general da reserva Mario Fernandes, o tenente-coronel Hélio Ferreira Lima e o policial federal Wladimir Matos Soares.Setor diz cumprir legislaçãoA Conexis Brasil Digital, representante do setor, informou que as empresas associadas “investem de forma recorrente, em conformidade com a legislação vigente, em diversas tecnologias de segurança e prevenção a fraudes para proteção de seus clientes e da sociedade”.Ainda segundo a nota, a Conexis afirmou que as empresas ressaltam que estão à disposição para cooperar com as autoridades e reforçam o compromisso com a segurança e privacidade de seus clientes.
Adicionar aos favoritos o Link permanente.