Qual a sua fábrica, camarada?

Márcio Alves e Victória Magalhães | ABC Paulista (SP)


A situação dos trabalhadores e trabalhadoras em nosso país e no mundo é cada vez mais grave. A precarização e a carestia crescem, o fascismo avança promovendo guerras, genocídios, tentativas de golpes, aumento da violência policial, da fome, das privatizações e da retirada de direitos. Vemos, a cada dia, o aumento da revolta e da insatisfação nos bairros e postos de trabalho.

É certo que só alcançaremos a libertação do nosso povo com a tomada do poder nas mãos dos trabalhadores. Para isso, é fundamental fundir profundamente a classe operária com o movimento revolucionário. Para que nosso Partido seja indestrutível, precisamos organizar e formar cada vez mais operários e operárias comunistas. 

Como temos debatido, isso só será possível com a realização de um trabalho sistemático, diário e contínuo em cada fábrica, com cada operário e operária. Para isso, é preciso que todo o Partido se envolva. Só com o envolvimento geral da militância poderemos garantir que, para cada fábrica, haja um revolucionário! 

Se estivermos presentes cotidianamente, com dias fixos, na porta de uma fábrica, apresentando nosso jornal, rapidamente poderemos ter panfletos específicos para aquela unidade, denunciando as condições que os operários nos apresentam, recrutando para os nossos movimentos, fazendo greves e influenciando na vida, na consciência e nas lutas da classe.

Em Diadema, no ABC Paulista, temos feito este trabalho em cinco fábricas e na limpeza urbana. Já temos camaradas reunindo em núcleos do MLB e operários que separam seu dinheiro e mandam mensagens no dia anterior à brigada reservando sua edição do Jornal.

Gabriel, um dos camaradas que tem se dedicado a esse trabalho, conta: “Nossa atuação nas portas das fábricas começou como algo pequeno. Alguns poucos militantes realizavam essa tarefa, até que virou diretriz partidária e todo militante de Diadema voltou seu trabalho para as fábricas. Me pareceu um desafio muito grande, mas, em pouco tempo, eu já realizava quatro brigadas por semana”.

E continua: “Foi preciso adaptar nossa rotina para equivaler a de um operário. Ter sua disciplina, sua seriedade, seu caráter coletivo, planejar os próximos passos e seguir adiante. Logo nos tornamos referência para muitos deles, que recuperaram suas esperanças por nos verem presentes ali toda semana. Alguns operários me convidaram para frequentar o curso do Sindicato e eu fui. A presença de um militante faz com que o clima, antes pacato, passasse a ser de disputa, discussões, inconformismo e propostas. Somos muito respeitados pelo nosso trabalho, e os operários querem que mais de nós estejamos entre eles. É tradição dos operários apelidar os companheiros, por isso, no curso, me deram o apelido de ‘Guerrilheiro’, fazendo alusão a Che Guevara”.

Também no ABC, já temos camaradas atuando no chão de fábrica de grandes empresas do setor automotivo. Em uma dessas indústrias, formamos a primeira célula de empresa da região e a qualidade nesse trabalho ganhou um nível superior.

Em São Bernardo, o Movimento de Mulheres Olga Benario tem se concentrado em organizar operárias da Basf, fazendo a denúncia sobre as condições gerais das fábricas e também dialogando com as mulheres sobre as condições específicas de gênero dentro das fábricas, como a questão do assédio, do direito das mulheres a terem creche, sala de amamentação, etc.

Roseli, brigadista operária e coordenadora do Olga, relata: “Fazemos brigadas na Basf toda quinzena. Em nossa terceira brigada lá, os seguranças tentaram nos reprimir, mas não arredamos o pé. Aí uma mulher que trabalha na empresa, nos chamou, se identificou com a gente e orientou outra portaria, que seria melhor para desenvolvermos esse trabalho com menos assédio e com mais trabalhadoras. Esta é uma demonstração de que temos aberto esse caminho de confiança com as trabalhadoras de lá e já recebemos uma série de denúncias das terceirizadas, das trabalhadoras da cozinha, apesar do medo constante de alguns setores com a terceirização que ameaça os empregos e a redução dos salários. Tem muita disposição de luta e já temos mulheres reunindo com a gente no núcleo do Olga do bairro”.

A tarefa é clara

Todo militante, todo coletivo, precisa ter uma fábrica ou posto de trabalho estratégico, como o exemplo da Sabesp, em São Paulo, ou Servidores Municipais, para construir um trabalho sistemático, diário e contínuo.

Em qual fábrica seu núcleo vai construir este trabalho operário? Os trabalhadores e trabalhadoras estão esperando para conhecer o Partido que pode mudar suas vidas, mas, para isso, devemos nos organizar nas cidades onde atuamos, escolher as indústrias e postos de trabalho onde vamos atuar, e fazer um trabalho sério, com os panfletos específicos, com o nosso jornal A Verdade e conversar com os trabalhadores sobre o dia a dia do trabalho e as dificuldades, convidando-os para conhecer nossos movimentos, nossa juventude e a Unidade Popular.

Outra tarefa importante é qualificar nossas brigadas de porta de fábricas, garantindo ter banquinha com banners e bandeiras, café, panfletos com contatos, agitação e livros das Edições Manoel Lisboa para que os trabalhadores possam estar em contato com a propaganda revolucionária.

Dessa maneira, avançaremos mais rapidamente e recrutaremos com mais ousadia. É hora de arregaçar as mangas e construir diariamente nosso trabalho entre a classe operária!

Se essa é nossa tarefa fundamental, fica a pergunta: A partir de amanhã, qual será sua fábrica, camarada?

 

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