Crise climática castiga o povo e a caatinga do Piauí

Com a pior seca dos últimos anos em um contexto de crise climática, deterioram-se as condições de vida do povo do Piauí e as árvores da caatinga nativa são consumidas por incêndios. Ação predatório do agronegócio agrava o cenário

José Augusto e Fábio Andrade | Teresina (PI)


A população do estado do Piauí sofre com a seca mais severa dos últimos anos. Intensificada pela ação predatória de empresas do agronegócio, a crise climática vem causando mais danos à população desse estado.

Em setembro, o Governo Federal reconheceu uma situação de emergência ao longo de uma região no Piauí que abrange 106 municípios e onde a caatinga é predominante. Há mais de 6 meses não chove regularmente, e as reservas de água estão ficando insuficientes para o povo. A Barragem de Cajazeiras, uma das maiores do Piauí, está com apenas 10% da capacidade de armazenamento, restando só 2 milhões de m³ de água em um reservatório que deveria comportar 24 milhões de m³. Com isso, o valor das contas de água (já afetado pelo plano de privatização da Agespisa promovido pelo governo estadual) e dos caminhões-pipa têm subido e muitas famílias estão comprometendo seus recursos para ter acesso a água potável.

Toda essa situação não é apenas resultado da estiagem, que acontece nessa época do ano. Na verdade, a atual seca é causada principalmente pela ação humana. O agronegócio tem penetrado cada vez mais na economia do estado, e os latifundiários provocam o agravamento da crise climática do Piauí ao queimar as florestas do estado para plantio de grãos que servem apenas de ração de gado e produto para exportação.

As consequências são sentidas não só pelo bioma, mas também pela população. “Já passei mal de calor dentro do ônibus quando pego pra ir estudar. Aqui é muito quente e de uns tempos pra cá isso vem piorando”, relata Francisco Alberto, estudante do Instituto Federal do Piauí, ao jornal A Verdade. Arian, estudante que mora na cidade piauiense de Oeiras, complementa: “Nos últimos meses, já passei mal de calor várias vezes”.

O cenário de emergência no estado nordestino se conecta com um problema global, já que especialistas no mundo todo alertam que estamos vivendo numa época em catástrofes climáticas como a que aconteceu no Rio Grande do Sul podem ocorrer novamente em outros lugares, já que os grandes capitalistas impedem a realização de ações estruturais para a preservação do meio ambiente.

Enquanto as árvores nativas do Piauí vão sendo consumidas pelo fogo, o calor aumenta e o nível de água dos rios e águas segue baixando. O povo piauiense só poderá superar essa seca e ter acesso digno a água potável quando for superado o sistema econômico que destrói a caatinga e mata a população para obter enormes lucros, o sistema capitalista.

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