Maurício Kubrusly e a demência frontotemporal

O jornalista Maurício Kubrusly é conhecido pelas coberturas criativas e bem-humoradas de eventos quase sempre pitorescos e histórias e personagens do “Brasil Profundo”.Ele dedicou boa parte de sua carreira ao Fantástico – e foi lá que ele e sua família, no final de agosto de 2023, revelaram o diagnóstico de demência frontotemporal (DFT) do repórter.Aos 77 anos, Maurício tem problemas para caminhar e episódios de confusão mental, segundo sua esposa.A doença é a mesma que chamou a atenção de todo o mundo quando a família do ator Bruce Willis revelou o diagnóstico, há quase um ano.De acordo com o neurologista Antônio de Matos, a demência frontotemporal (DFT), também conhecida como demência frontotemporal lobar ou demência frontal, é um tipo de demência que afeta as regiões frontais e temporais do cérebro. É uma condição progressiva e degenerativa que afeta principalmente as funções cognitivas e comportamentais.

A DFT é causada pela degeneração das células nervosas nessas áreas do cérebro com o envolvimento da proteína tau, entre outras, levando a uma deterioração das funções cognitivas, como a memória, a linguagem, o julgamento e a tomada de decisão. “Este tipo de demência também pode levar a mudanças no comportamento, como falta de inibição, perda de empatia e interesse reduzido em atividades sociais. Por isso mesmo, pode ser conhecida como a “doença da gafe”, com sintomas que não indicam se tratar de uma doença, mas apenas um “desvio” comportamental do paciente”, afirma.A incidência exata de demência frontotemporal na população não é bem conhecida, mas estima-se que a doença seja responsável por cerca de 5% a 15% de todos os casos de demência. A DFT é relativamente rara em comparação com outras formas de demência, como a doença de Alzheimer, mas pode ocorrer com maior frequência em pessoas com idade inferior a 65 anos.Tipos de DFTExistem três tipos principais de demência frontotemporal, cada um com características e sintomas distintos.Variante Comportamental (VC)É o tipo mais comum de demência frontotemporal. Os sintomas incluem mudanças comportamentais e de personalidade, como desinibição, perda de empatia, falta de julgamento, impulsividade e comportamentos compulsivos, como comer excessivamente, beber e/ou gastar dinheiro.Semântica (DS)Esse tipo de demência afeta a linguagem e a compreensão. Os sintomas incluem dificuldade em encontrar as palavras certas, diminuição do vocabulário e incapacidade de compreender o significado das palavras.Progressiva não fluente (PNF)Essa forma de demência afeta a fala e a linguagem. Os sintomas incluem dificuldade em produzir frases completas, repetição constante de palavras ou frases e dificuldade em compreender a linguagem.Sintomas e manifestaçõesOs sintomas da demência frontotemporal podem variar de acordo com o subtipo da doença e a região cerebral afetada, mas geralmente incluem mudanças no comportamento, personalidade e habilidades cognitivas. Os principais sintomas da DFT podem incluir:Mudanças comportamentais e de personalidade: Isso pode incluir comportamentos impulsivos, apatia, falta de empatia, perda de inibição, desrespeito pelas normas sociais, comportamentos inapropriados ou inadequados em situações sociais, aumento do consumo de alimentos ou bebidas, e/ou comportamento agressivo;Dificuldades de linguagem:Dificuldade em encontrar palavras, perda de vocabulário, ou dificuldade em compreender a linguagem;Problemas de memória: Esquecimento de informações recentes e/ou repetição de perguntas ou ações;Dificuldade em realizar tarefas cotidianas: Incluindo tarefas que antes eram fáceis, como cozinhar ou realizar atividades simples;Alterações motoras: Incluindo rigidez muscular, dificuldades na coordenação motora e problemas de equilíbrio;Dificuldade em tomar decisões e julgamentos: Podem ocorrer dificuldades em julgar situações, tomar decisões e solucionar problemas.DiagnósticoO diagnóstico da demência frontotemporal é feito por meio de uma avaliação clínica completa, que inclui a avaliação dos sinais e sintomas, assim como uma série de testes neurológicos e psicológicos, além da neuroimagem, exame do líquor (importante no diagnóstico diferencial com outras causas de demência) e até mesmo testes genéticos, para detectar mutações em genes conhecidos que podem estar associados à demência frontotemporal.CONTEÚDOS RELACIONADOS:Conheça a doença que afetou saúde de Maurício KubruslyMaurício Kubrusly perdeu a memória por causa de grave doençaO diagnóstico pode ser desafiador, pois os sintomas da demência frontotemporal podem ser semelhantes aos de outras condições, como depressão, distúrbios do espectro autista, doença de Alzheimer e outras formas de demência.TratamentoNão existe cura (medicação específica) para a demência frontotemporal, mas existem várias abordagens para ajudar a gerenciar os sintomas da doença e melhorar a qualidade de vida dos pacientes e de suas famílias.O tratamento é individualizado e baseado nos sintomas específicos do paciente, mas geralmente inclui uma combinação de terapias medicamentosas e não medicamentosas.Medicamentos podem ser prescritos para controlar os sintomas comportamentais e psicológicos, como ansiedade, agressividade, depressão e insônia. Alguns medicamentos também podem ajudar a melhorar as funções cognitivas e a retardar a progressão da doença em alguns pacientes.Terapias ocupacionais e fisioterapias podem ajudar a manter a função motora e cognitiva, melhorando a qualidade de vida e reduzindo o risco de lesões decorrentes de quedas.Quer mais notícias de Saúde? Acesse nosso canal no WhatsAppMudanças no estilo de vida, como atividade física regular, uma dieta saudável e equilibrada, e a redução de fatores de risco, como tabagismo e consumo excessivo de álcool, também podem ajudar a melhorar a saúde geral e o bem-estar do paciente.

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