Presidente da Coreia do Sul é preso por tentativa de golpe

O presidente da Coreia do Sul, Yoon Suk Yeol, afastado do cargo pelo Parlamento depois de um processo de impeachment, foi preso nesta terça-feira (14), manhã de quarta (15) no horário local, após um impasse de horas entre forças de segurança, apoiadores e a guarda presidencial.Essa foi a segunda tentativa da polícia de executar o mandado de prisão autorizado pela Justiça sul-coreana contra Yoon. Assim como aconteceu no último dia 3, apoiadores do político tentaram barrar a entrada das forças de segurança à residência oficial do presidente.A princípio, o presidente concordou em prestar depoimento se a polícia deixasse sua residência oficial primeiro. Logo em seguida, porém, a imprensa do país noticiou sua prisão.A Justiça sul-coreana aprovou a prisão de Yoon no âmbito da investigação contra ele por suposta insurreição -as autoridades apuram se o presidente cometeu esse crime ao decretar lei marcial e suspender os direitos políticos do país em uma tentativa de autogolpe em dezembro.A justificativa para a ordem de prisão é a recusa de Yoon de prestar depoimento e colaborar com a investigação -o presidente faltou diversas vezes a interrogatórios.O crime de insurreição é um dos poucos contra os quais um presidente sul-coreano não tem imunidade. O caso pode resultar em uma sentença de prisão perpétua ou mesmo pena de morte, embora o país não execute ninguém desde 1997.Ainda que esteja afastado do cargo, Yoon tecnicamente ainda é presidente da Coreia do Sul até que o Tribunal Constitucional, órgão judicial máximo do país, decida se chancela ou anula a decisão da Assembleia Nacional -por isso, ele ainda mora na residência oficial e tem uma equipe de segurança ao seu dispor.Imagens da televisão sul-coreana mostravam policiais tentando afastar uma multidão de apoiadores e acessar o imóvel pela porta da frente e pelos fundos. Yoon não deixa a residência oficial há semanas e se cercou de seguranças. A defesa do presidente afastado diz que a ordem de prisão é ilegal e tem o objetivo de humilhá-lo politicamente.Entre os apoiadores que obstruem o trabalho dos policiais estão parlamentares do partido de Yoon e seus próprios advogados de defesa. Além disso, membros da equipe de segurança do presidente utilizaram veículos para montar uma série de barricadas e impedir o acesso à residência.No último dia 3, a polícia e autoridades que investigam o caso tentaram prender Yoon, sem sucesso. Após um tenso impasse de seis horas de duração, os agentes desistiram de cumprir o mandado devido à resistência dos guardas presidenciais. No último dia 7, a Justiça emitiu um novo mandado de prisão.As autoridades avisaram aos apoiadores de Yoon reunidos em frente à residência oficial que resistir à polícia pode resultar em prisões e acusações, mas eles continuaram gritando palavras de ordem e exibindo cartazes.A maioria das mensagens fez referência à teoria da conspiração disseminada pelo presidente de que as eleições de 2024, na qual o partido governista virou minoria na Assembleia Nacional, foram fraudadas -não há qualquer evidência nesse sentido.Ainda assim, a suposta fraude foi uma das razões utilizadas por Yoon para justificar a tentativa de autogolpe em dezembro passado, quando o presidente tentou utilizar as Forças Armadas para fechar o Parlamento e deu início à mais grave crise política do país asiático em décadas.Nesta terça, Yoon faltou pela segunda vez a uma audiência do Tribunal Constitucional que julga seu impeachment. Os advogados do presidente afirmam que as tentativas do gabinete anticorrupção de prendê-lo o impedem de se defender no caso que determina se ele será removido do cargo.A próxima audiência do caso está marcada para quinta-feira (16). O chefe interino da Justiça, Moon Hyung-bae, afirmou que, se Yoon também não comparecer a ela, o processo seguirá com seus advogados o representando.Do lado de fora do tribunal, um desses advogados, Yoon Kab-keun, disse que o presidente afastado decidirá se estará ou não presente na audiência após discussões sobre sua estratégia de defesa.O Tribunal Constitucional da Coreia do Sul tem 180 dias para decidir se remove Yoon do cargo ou se restaura seus poderes presidenciais.
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