Divisão do Centrão favorece projeto político de Lula

O apoio do Centrão, bloco majoritário no Congresso Nacional desde o início da nova república, é uma peça fundamental nas corridas eleitorais. Com a iminência do pleito de 2026, os players políticos se movimentam para angariar o máximo de apoio possível. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), de olho na próxima disputa presidencial, quando deve concorrer à reeleição, pode ser beneficiado pela divisão do Centrão. 

Com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) fora da disputa, devido à condenação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que o tornou inelegível, o campo direitista não apresenta um nome como unanimidade entre os eleitores. Com isso, diversos nomes são especulados na disputa presidencial, como o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil); o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos); o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo); o governador do Paraná, Ratinho Júnior (PSD); o empresário Pablo Marçal (PRTB); e até mesmo o cantor sertanejo Gusttavo Lima (sem partido). 

Caiado, por exemplo, não é unanimidade nem mesmo dentro da própria sigla. Uma ala do União Brasil, pró-governo, defende a manutenção do partido na base governista nas eleições de 2026. As demais siglas, expoentes do Centrão, como Republicanos e PSD, possuem possíveis postulantes ao cargo. Outras siglas com forte presença na Câmara e no Senado, como PP e MDB, não devem lançar candidatos à Presidência da República, mas o apoio das siglas custará caro para aqueles que conseguiram através de negociações. 

É certo que, na conjuntura atual, existe uma indefinição de quem será o principal candidato à direita na disputa presidencial. Além da incerteza, que beneficia Lula – que segue como único candidato viável no campo progressista -, o atual presidente deve articular apoio de algumas siglas centristas. 

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A reforma ministerial de Lula caminha para ter como principal característica os partidos do Centrão com maior representatividade. Os rumores de mudanças no corpo ministerial do governo acenderam na reta final do último ano. O PSD, de Gilberto Kassab, é o principal cotado para ascender a cargos na Esplanada dos Ministérios. Entre os nomes da sigla, o ex-presidente do Senado Federal, Rodrigo Pacheco, seria o nome preferido de Lula para assumir um ministério. A estratégia é que Pacheco seja candidato ao governo de Minas em 2026, apoiado pelo petista, rivalizando, provavelmente, contra o sucessor de Zema – aliado político de Bolsonaro. 

Além disso, as negociações recentes apontam que algum representante do Centrão assumirá a Secretaria de Relações Institucionais (SRI). O atual titular da pasta, Alexandre Padilha, seria deslocado para o Ministério da Saúde. A SRI é quem comanda a distribuição das emendas parlamentares, ou seja, para o Centrão seria um presente e tanto, já que a fatia do Orçamento designada para os parlamentares distribuírem é muito bem quista pelo bloco.

Em suma, Lula vê com bons olhos a aproximação de algumas legendas do bloco centrista e, de longe, assiste à indefinição do campo político contrário. A ausência de consenso na direita irá atrapalhar nas negociações com os partidos do centro, beneficiando Lula que, mesmo com um governo que vem sendo questionado pela população, segue intacto como representante no campo da esquerda. (Especial para O Hoje)

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