Por que o mundo está testemunhando um boom de nascimentos múltiplos?

O mundo está passando por uma transformação demográfica curiosa: a explosão dos nascimentos de gêmeos. Anualmente, cerca de 1,6 milhão de pares idênticos ou fraternos chegam ao mundo, o que significa que, globalmente, um em cada 42 nascimentos resulta em gêmeos. Essa tendência, impulsionada por uma combinação de mudanças sociais e avanços na medicina reprodutiva, tem despertado a curiosidade de cientistas e o fascínio das famílias.
Um dos principais fatores por trás desse fenômeno é o aumento da idade em que as mulheres decidem ter filhos. Mulheres que engravidam mais tarde têm maior probabilidade de liberar múltiplos óvulos durante a ovulação, elevando as chances de conceber gêmeos. Adicionalmente, a disseminação das Tecnologias de Reprodução Assistida (TRA), como a Fertilização In Vitro (FIV), tem um papel importante. Esses tratamentos, frequentemente, envolvem a transferência de múltiplos embriões para o útero, aumentando a probabilidade de gestações múltiplas.
Outro elemento que contribui para o aumento de gêmeos é a “hiperovulação”, um processo em que a mulher libera mais de um óvulo durante o ciclo menstrual. Isso é mais comum em mulheres com idade mais avançada, devido a flutuações hormonais, o que aumenta o risco de gêmeos fraternos. A predisposição genética também desempenha um papel importante: mulheres com histórico familiar de gêmeos fraternos têm maior probabilidade de conceberem gêmeos.
Curiosamente, as taxas de gêmeos variam consideravelmente em diferentes partes do mundo. A África apresenta as maiores taxas de geminação, possivelmente devido a fatores genéticos que predispõem as mulheres africanas a liberar múltiplos óvulos. Por outro lado, as taxas de gêmeos na Europa, América do Norte e Oceania têm aumentado, em grande parte devido ao uso generalizado das TRA.
Apesar do aumento geral, alguns especialistas sugerem que poderíamos estar nos aproximando de um pico. A crescente ênfase em transferir um único embrião durante os tratamentos de fertilidade, visando reduzir os riscos associados a gestações múltiplas, pode levar a uma diminuição nas taxas de gêmeos no futuro.
O “boom” de nascimentos de gêmeos é um fenômeno complexo e multifacetado. Embora as mudanças sociais e os avanços na medicina tenham impulsionado essa tendência, o futuro da geminação permanece um território incerto. Uma coisa é certa: a chegada de cada par de gêmeos continua a nos lembrar da beleza e da complexidade da vida.
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