Educação ambiental em Noronha: jovens aprendem a preservar – 14/02/2025 – Ambiente


Fernando de Noronha, um dos destinos mais procurados do país, encanta por sua beleza singular e biodiversidade única. Composto por 21 ilhas e ilhotas, o arquipélago é lar de espécies como as tartarugas-verdes e os golfinhos-rotadores.

No entanto, essa riqueza ambiental também é frágil. Com cerca de 8.000 moradores fixos, segundo a Administração do Distrito Estadual de Fernando de Noronha, e recebendo no ano passado 131.503 turistas, a ilha enfrenta os desafios de equilibrar o turismo com a conservação.

Entre 2020 e 2024, a produção de resíduos sólidos aumentou 23%, de acordo com dados da administração local, pressionando os sistemas de coleta e descarte. Além disso, o impacto humano afeta diretamente a fauna marinha, como tartarugas, aves e golfinhos frequentemente ameaçados pelo descarte inadequado de lixo.

Diante desses desafios, iniciativas de educação ambiental têm ganhado força na ilha. Desde 1990, o programa Férias Ecológicas, promovido pelo Projeto Golfinho Rotador, iniciativa, que conta com patrocínio da Petrobras por meio do Programa Petrobras Socioambiental, já envolveu mais de 5.000 jovens, com atividades que incluem trilhas, teatro, saídas de barco, rodas de conversa, observação de golfinhos e tartarugas, pintura e leitura.

As ações buscam sensibilizar e engajar as novas gerações como protagonistas da conservação. Por meio de programas que unem prática e aprendizado, crianças e adolescentes desenvolvem uma relação mais profunda com o ecossistema local, compreendendo que o cuidado com Noronha é essencial para garantir seu presente e futuro sustentáveis.

Preparando os jovens para o futuro

Victória Milena Pereira Paiva, 6, é uma das participantes mais animadas deste ano. Estudante da EREM Arquipélago de Fernando de Noronha, ela conta porque decidiu participar.

“Eu nunca tinha participado e eu acho muito legal. A gente aprende sobre os golfinhos e as tartarugas, e porque é importante proteger a ilha. Senão, os golfinhos podem morrer e as tartarugas também”, explica, enquanto pinta um desenho de um golfinho durante uma das oficinas.

Outro participante, Alessandro Freire Santiago, também de 6 anos, vê o programa como uma oportunidade única. “É muito legal, porque a gente pode ir para a praia, aprender sobre golfinhos e tubarões. Aqui moram as plantas, as frutas, os animais e as pessoas. Então temos que cuidar da nossa casa.”

Além de sensibilizar as crianças sobre a importância da conservação, as Férias Ecológicas também oferecem uma oportunidade de liderança para os mais velhos. Jovens com 14 anos ou mais podem atuar como monitores, ajudando na organização das atividades e inspirando os menores.

“Participar da monitoria do Golfinho Rotador tem sido incrível. Cuidar de crianças de 5 a 6 anos é uma experiência enriquecedora que desenvolve minhas habilidades de paciência, criatividade e responsabilidade. Contribuir para o desenvolvimento e aprendizado delas é gratificante. A equipe acolhedora criou um ambiente propício para crescimento pessoal e profissional”, diz Maria Paula, 16, que participa do programa pela primeira vez como monitora.

Cynthia Gerling, coordenadora de educação ambiental do projeto, destaca que a iniciativa cria oportunidades de diversão e aprendizado para crianças e adolescentes noronhenses num período em que o turismo atinge seu ápice, “e a comunidade precisa lidar com diferentes realidades e mentalidades trazidas pelos visitantes”.

“As Férias Ecológicas ajudam a integrar as crianças em um ambiente educativo e seguro”, avalia.

Desafios do turismo e a conservação ambiental

Fernando de Noronha, com seus pouco mais de 26 km², é um dos poucos lugares do mundo onde golfinhos-rotadores podem ser observados em seu habitat natural. Na baía dos Golfinhos, é comum avistar grupos de até 600 indivíduos, proporcionando um espetáculo que atrai turistas de todo o mundo. Entretanto, essa mesma atratividade gera pressão sobre o ecossistema.

A educação ambiental, além de proteger o meio ambiente, transforma a relação da própria comunidade com o arquipélago. Para Juliana Silva, 38, mãe de Enzo Silva, o programa trouxe mudanças para sua família. “Meu pequeno, todos os dias, chega entusiasmado e contando as coisas. E eu estou muito feliz, porque ele quase nunca conta as coisas que acontecem no cotidiano dele.”

Essas lições também têm reflexos no comportamento da comunidade. Jovens que participam de programas como o Férias Ecológicas frequentemente inspiram seus pais e amigos a adotarem práticas mais sustentáveis, ampliando o alcance do aprendizado.

“Em um mundo cada vez mais impactado pelas ações humanas, exemplos como o de Fernando de Noronha mostram que investir nas novas gerações é fundamental para garantir a conservação. Cada criança que aprende a cuidar da natureza se torna uma promessa de um presente e futuro mais sustentáveis”, diz Gerling.



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