Bienal de Veneza: Brasil explora arquitetura sustentável – 19/02/2025 – Ilustrada


O equilíbrio entre cultura e natureza, entre o patrimônio construído pelo homem e o meio ambiente, está no cerne da exposição que o Brasil vai apresentar em seu pavilhão na próxima Bienal de Arquitetura de Veneza, a partir de 10 de maio na cidade italiana.

Desenhada pelos arquitetos Eder Alencar, Matheus Seco e Luciana Saboia, do grupo Plano Coletivo, de Brasília, a exposição chamada “(Re)invenção” olha tanto para a maneira com que os povos originários da Amazônia ocupavam o solo quanto para edificações brasileiras do século 20 para pensar formas de construir e habitar espaços de maneira sustentável, o menos predatória possível.

Dividida em duas salas, a exposição não vai mostrar projetos de arquitetura diretamente, mas sim painéis com desenhos e um antigo mapa hidrográfico de uma região da Amazônia que exemplificam “estratégias de coexistência entre a natureza e a sociedade”, diz Seco, acrescentando que “equilíbrio” é a palavra-chave da mostra.

Para chegar ao formato da exposição, segundo Alencar o trio se baseou em pesquisas recentes que descobriram geoglifos —grandes desenhos no solo que indicam a ocupação humana— de dois mil anos em trechos da Amazônia, um sinal de que os povos originários habitavam a floresta de maneira harmônica.

“Essa ocupação não é simplesmente chegar e ficar no espaço. Existe um manejo de plantas, de supressão vegetal, inclusive. Não necessariamente suprimir vegetação é uma coisa completamente destrutiva, se você isso é feito com um certo propósito, um certo cuidado. Ela é muito diferente do manejo que acontece na maior parte das ocupações da Amazônia para o plantio de monocultura”, afirma Seco.

Além do exemplo da floresta amazônica, outro a ser apresentado é um jardim que não precisa de irrigação, alimentado apenas pela água da chuva, instalado no prédio do Instituto Central de Ciências, da Universidade de Brasília, desenhado por Oscar Niemeyer. O professor de paisagismo Julio Pastore se valeu das estações do ano para criar um espaço verde, com flores, abelhas e borboletas, adaptado ao contexto do cerrado, onde há uma longa temporada de seca.

A exposição também trará uma discussão centrada nas cidades, de como o espaço urbano pode ser modificado a partir de estruturas já existentes. Entre os exemplos apresentados estará o Centro Cultural Lá da Favelinha, situado no Aglomerado da Serra, a maior favela de Minas Gerais, na periferia de Belo Horizonte.

O centro cultural foi erguido a partir de um prédio que existia inacabado desde 1995, com o esforço e a articulação de moradores locais com arquitetos. A partir de 2015, passou a receber oficinas de rap e tem uma biblioteca comunitária com cerca de 3.000 exemplares, segundo o site da instituição, além de contar com uma cooperativa de moda sustentável, que produz novas roupas de peças já existentes.

Para Alencar, este e outros exemplos a serem apresentados no pavilhão do Brasil querem “pensar o projeto de arquitetura como uma mediação ente interesses diversos”.



Source link

Adicionar aos favoritos o Link permanente.