A IA pode nos deixar burros ?

Um estudo recente conduzido pela Microsoft em parceria com a Universidade Carnegie Mellon tem gerado debates acalorados nas redes sociais, como no LinkedIn, ao sugerir que o uso constante de inteligência artificial (IA) pode estar comprometendo o pensamento crítico humano. Publicado em 2025, o relatório aponta que delegar tarefas simples, como revisar textos ou resolver problemas básicos, à IA poderia reduzir o exercício mental, deixando as pessoas menos preparadas para enfrentar situações complexas. A analogia é familiar: assim como os smartphones fizeram com que números de telefone e endereços deixassem de ser memorizados, a dependência da IA poderia estar atrofiando nossas capacidades cognitivas. Mas será que essa visão é justa? Há quem acredite que, ao contrário do alarmismo, a IA esteja, na verdade, estimulando o pensamento humano – desde que saibamos usá-la com critério.

Enquanto o estudo levanta preocupações, evidências crescentes mostram que a IA está revolucionando áreas como saúde e negócios, trazendo benefícios que superam os supostos riscos. Na saúde, por exemplo, um artigo da npj Digital Medicine (janeiro de 2025) demonstra como algoritmos de IA estão transformando diagnósticos. A tecnologia consegue analisar tomografias e detectar anomalias que escapam aos olhos humanos, como uma vértebra colapsada indicando osteoporose – caso real destacado pela BBC News este ano. Já a Reuters (fevereiro de 2025) reportou que a IA está superando cirurgiões na elaboração de relatórios pós-operatórios, com maior precisão e menos erros, agilizando processos hospitalares.

Os avanços não param por aí. A empresa Light AI anunciou, conforme noticiado pelo Yahoo Finance em fevereiro de 2025, que seu algoritmo alcançou 96,57% de precisão ao diferenciar infecções virais de bacterianas na garganta, prometendo diagnósticos mais rápidos e acessíveis. O Healthcare IT News (janeiro de 2025) também destacou o uso da IA em radiologia, acelerando análises de exames de pulmão e ossos e servindo como uma “segunda opinião” confiável. Nos Estados Unidos, o Departamento de Saúde e Serviços Humanos (HHS) lançou em janeiro de 2025 um plano estratégico para integrar a IA de forma responsável, prevendo melhorias na entrega de cuidados e na saúde pública.

No mundo dos negócios, o impacto é igualmente significativo. Segundo a Forbes Brasil (janeiro de 2025), a IA generativa tem aumentado a produtividade ao assumir tarefas repetitivas, liberando os profissionais para decisões mais estratégicas – que, vale lembrar, ainda dependem do julgamento humano. No Reino Unido, o Financial Times (janeiro de 2025) revelou que 51% dos líderes empresariais planejam priorizar investimentos em IA em vez de contratações, atraídos pela rapidez e precisão a custos reduzidos. Um post no X da conta

@fs_tech_ (17 de fevereiro de 2025) reforçou que algoritmos já superam humanos em diagnósticos médicos e detecção de fraudes em setores como saúde e seguros, mas a curadoria humana permanece essencial para garantir a qualidade dos resultados.

Diferente do que o estudo da Microsoft sugere, a IA pode ser vista como um catalisador do pensamento crítico, e não seu algoz. “Ela é como um assistente que entrega dados e ideias, mas sou eu quem analisa, questiona e decide o próximo passo”, reflete um entusiasta da tecnologia. O segredo está no uso consciente: em vez de aceitar respostas prontas, é preciso filtrar e refinar o que a IA oferece. Longe de nos tornar “mais burros”, como alguns temem, a tecnologia parece estar desafiando a humanidade a exercitar ainda mais suas capacidades – desde que não se caia na armadilha da passividade. Afinal, com tantos benefícios em jogo, seria simplista culpar a IA por algo que depende, no fundo, de como escolhemos usá-la.

Willians Fiori
gerente de relações profissionais e institucional Bigfral
professor docente a pos graduação em gerontologia e geriatria do hospital israelita Albert Einstein
professor convidado da FMUSP | UFRJ | UFF| INSPER|FAAP
Membro da Sociedade Brasleira de Geriatria e Gerontologia
Membro da Associação Brasileira de Telemedicina
host e criador do gerocast , primeiro podcast sobre longevidade do brasil

Autor e colaborador dos livros: Meus Pais Envelheceram, e agora? Longevity Hub, Brasil 2060,Alzheimer, desafios do Cuidar

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