Odessa, na Ucrânia, quer “desrussificar” seu presente


Lipatov não acredita que a derrubada dos monumentos vá apagar das cabeças os estereótipos imperiais: em vez disso, deveriam ser erguidas novas homenagens no espaço público, honrado personalidades ucranianas ligadas a Odessa, argumenta.

Seu colega Taras Honcharuk enfatiza que em Odessa há monumentos financiados pela Rússia em homenagem a figuras que, na verdade, nada têm a ver com a história da cidade, enquanto não se relembram ucranianos conhecidos que atuaram localmente.

Ele cita como exemplo negativo o ator, cantor e poeta Vladimir Vysotsky (1938-80) que, apesar da rigorosa censura do regime comunista, abordava temas proibidos. Um monumento em sua memória, erigido nas proximidades do estúdio de cinema local, foi retirado em dezembro: “Ele era um ator moscovita, conhecido em toda a União Soviética, mas que só representou um papel em um filme em Odessa”, relata o historiador.

Do seu ponto de vista, quem antes mereceria memoriais seriam ucranianos como o diretor Alexander Dovzhenko (1894-1956), considerado fundador do cinema poético, que rodou seus primeiros filmes em Odessa; ou o diretor e ator Les Kurbas (1887-1937), um dos principais representantes da vanguarda nacional; ou o autor Yurii Yanovsky (1902-54), que na década de 1920 descreveu “a Hollywood ucraniana no litoral do Mar Negro”.

Golpe no multiculturalismo ou revitalização?

Para os opositores da descolonização, estaria ocorrendo uma destruição do legado cultural de Odessa. O jornalista Leonid Shtekel organizou ações de protesto, criticando sobretudo se rebatizarem as ruas que homenageiam os escritores soviéticos Valentin Katayev, Ilya Ilf, Isaac Babel e Konstantin Paustovsky, “gente que era o orgulho da cultura de Odessa”.





Source link

Adicionar aos favoritos o Link permanente.