Comando das comissões impõe 1º desafio a Hugo Motta

Eleito presidente da Câmara dos Deputados com apoio maciço das maiores bancadas da Casa Baixa, o deputado federal Hugo Motta (Republicanos-PB) enfrentará o ônus de possuir tantos aliados políticos: agradar a todos. O paraibano será o mediador da briga pelas principais comissões da Casa, enquanto as legendas se digladiam entre si por um protagonismo maior na Câmara.

Motta já garantiu que a escolha de quem irá presidir os colegiados da Casa será tomada – pelo sexto ano consecutivo – após o carnaval. A comissão que irá discutir o Orçamento do próximo ano será indicada só em abril, porém, os líderes partidários já começaram as tratativas com o presidente da Câmara.

A relatoria do Orçamento de 2026 é objeto de desejo do União Brasil e do MBD. Ambas as siglas não pretendem abrir mão do espaço que lhes foi prometido e devem pressionar Motta. A estratégia do presidente da Casa Baixa é aguardar a reforma ministerial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que pode ajudar na solução do impasse. 

A Secretária de Relações Institucionais (SRI) é desejada pelos deputados. Os parlamentares pressionam o Executivo para terem o poder de indicar um nome para a pasta, que era chefiada por Alexandre Padilha – realocado para o Ministério da Saúde após a demissão de Nísia Trindade. Se Lula conceder o poder de escolha para a cúpula da Casa Baixa, Motta já tem o seu escolhido: o deputado Isnaldo Bulhões, líder do MDB na Câmara. 

Motta indicaria Isnaldo para a SRI, o que renderia mais um ministério para os emedebistas e, em tese, abriria caminho para que o paraibano abrigasse o União Brasil na relatoria do Orçamento de 2026. Acontece que relatar o Orçamento do ano que vem tem um impacto direto nas negociações para a disputa das eleições, e nenhuma das legendas quer abrir mão do cargo.

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O relator tem o poder de negociar as despesas anuais do governo federal e alocar as verbas para os programas do Executivo, e por isso o cargo é tão disputado pelas grandes bancadas da Casa legisladora. O MDB argumenta que o União Brasil não caminhou integralmente com Motta e só apoiou o paraibano após a candidatura de Elmar Nascimento (União Brasil-BA) não se viabilizar. Do outro lado, o União Brasil sustenta que o acordo pela relatoria do Orçamento foi firmado ainda na gestão de Arthur Lira (PP-AL), ex-presidente da Câmara que apoiou Motta, e possui a terceira maior bancada da Casa – justificando o direito de reivindicar o cargo. 

Caso Lula opte por um correligionário para substituir Padilha, conforme o seu desejo, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) pode ser o prêmio de consolação para o partido que ficar de fora das tramitações do Orçamento de 2026. No Congresso, existe um acordo para um rodízio na CCJ – principal comissão da Casa. Em 2023 o PT comandou com Rui Falcão (SP) e o PL, com Carolina de Toni (SC), presidiu o colegiado em 2024. Em 2025, a CCJ deve ficar entre as siglas de Baleia Rossi e Antônio Rueda 

Outros partidos que compõem a cúpula do Centrão, como PP e PSD, já fizeram suas indicações. Motta deve abrigar Maurício Neves (PP-SP) para a Comissão de Viação e Transporte. O Progressistas também deve indicar um nome à Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural. Já o PSD indicou Laura Carneiro (RJ) e Diego Andrade (MG) para as Comissões de Turismo e Minas e Energia, respectivamente. (Especial para O Hoje)

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