Relembre a trajetória de Walter Salles no Oscar


Ao longo da carreira, Walter Salles, 68, consolidou-se como um dos mais importantes cineastas brasileiros, conquistando reconhecimento internacional com suas obras sensíveis e envolventes.

Sua relação com o Oscar começou nos anos 1990 e, desde então, suas produções têm figurado entre as mais elogiadas do cinema nacional. Com filmes que transitam entre o drama humano e narrativas marcantes, Salles levou o Brasil a disputar a cobiçada estatueta em duas ocasiões distintas.

Entre tanto, não foram apenas dois filmes do diretor que tentaram uma vaga ao prêmio da Academia. Confira o seu histórico com o Oscar:

A Grande Arte

A primeira tentativa de Walter Salles de competir pelo prêmio da Academia foi na 63ª edição, em 1991, com “A Grande Arte“. Com roteiro de Matthew Chapman, baseado no aclamado romance de Rubem Fonseca, o filme acompanha a jornada de Peter Mandrake, um fotógrafo americano que se vê envolvido em uma perigosa busca por vingança.

Após o brutal assassinato de sua amiga Gisela, uma prostituta, e o estupro de sua namorada Marie, Mandrake decide fazer justiça com as próprias mãos. Para isso, ele forma uma aliança improvável com Hermes, um assassino profissional especializado em combate com facas.

Juntos, eles percorrem os subúrbios violentos do Rio de Janeiro e chegam até o deserto boliviano, em busca dos criminosos responsáveis pela tragédia que mudou suas vidas.

Nos Estados Unidos, o filme foi lançado com o nome “Exposure” e distribuído pela Miramax, a mesma companhia que, anos depois, seria responsável pela famosa campanha de “Shakespeare Apaixonado” em 1999. Na época, no entanto, a Miramax ainda era uma empresa pequena, o que pode ter contribuído para que o filme ficasse de fora da lista de indicados ao Oscar.

Central do Brasil

A segunda tentativa de concorrer ao prêmio da Academia foi com “Central do Brasil“, um filme brasileiro que se tornou um clássico do cinema nacional.

A trama de Central do Brasil acompanha Dora (Fernanda Montenegro), uma professora aposentada que escreve cartas para pessoas analfabetas na Estação Central do Brasil, mas frequentemente desiste de enviá-las. Ela conhece Josué (Vinicius de Oliveira), um menino cujo pai ela tenta localizar após a morte de sua mãe em um atropelamento.

Dora decide ajudar o garoto, iniciando uma jornada pelo nordeste em busca do pai dele. O filme foi inspirado na história de Socorro Nobre, uma ex-presidiária que escrevia cartas para outras presas analfabetas.

Adquirido pela Sony Pictures Classics após vencer o Urso de Ouro de Melhor Filme no Festival Internacional de Cinema de Berlim e o Urso de Prata de Melhor Atriz para Fernanda Montenegro, o estúdio realizou uma campanha massiva para divulgar a produção aos membros da Academia.

Como resultado, além da indicação na categoria de Melhor Filme Internacional, o filme também recebeu uma nomeação para Melhor Atriz para Fernanda Montenegro, uma indicação que muitos consideraram que deveria ter se convertido em vitória.

Embora tenha perdido ambos os prêmios da Academia, “Central do Brasil” conquistou os troféus de Melhor Filme Estrangeiro no Globo de Ouro e no Bafta daquela temporada.

Abril Despedaçado

Em 2001, Walter Salles tentou repetir o sucesso de “Central do Brasil” com “Abril Despedaçado“, baseado no romance “Prilli i Thyer” de Ismail Kadare. Ambientado no sertão nordestino em 1910, o filme acompanha um jovem incentivado por seu pai a vingar a morte do irmão em uma disputa entre famílias rivais.

Estrelado por Rodrigo Santoro, a produção recebeu indicações ao Bafta e ao Globo de Ouro na categoria de Melhor Filme Estrangeiro. Apesar das menções, o filme não conseguiu uma vaga na disputa pelo Oscar.

Diários de Motocicleta

“Diários de Motocicleta” foi considerado inelegível para a categoria de Melhor Filme em Língua Estrangeira no Oscar 2005. A Academia de Artes e Ciências Cinematográficas (Ampas, em inglês) possui regras rigorosas de elegibilidade para o prêmio de Melhor Filme Internacional.

Por ser uma coprodução entre Brasil, Argentina, Peru, Chile e Estados Unidos, o longa foi considerado inelegível, pois a Ampas determinou que ele não apresentava elementos suficientes de um único país para se qualificar. Na época, o copresidente da Focus Features, David Linde, respondeu à decisão dizendo: “É um filme verdadeiramente indígena, mas, neste caso, isso não se refere a um único país, e sim ao mundo”.

Mesmo assim, “Diários de Motocicleta” representou o Brasil no Globo de Ouro e no Bafta, onde recebeu indicações. Inspirado nos diários de viagem de Ernesto Che Guevara, o filme narra a trajetória do jovem estudante de medicina e futuro revolucionário (interpretado por Gael García Bernal) ao lado de seu amigo Alberto Granado (Rodrigo de la Serna, de “O Lobista”).

Caso tivesse sido aceito pela Academia, é bastante provável que “Diários de Motocicleta” tivesse competido na categoria de Melhor Filme Estrangeiro no Oscar, considerando que foi um dos filmes fora de Hollywood mais premiados daquele ano. A produção também conquistou o prêmio de Melhor Canção Original na cerimônia da Academia, o que indicava uma possível participação na disputa, caso não fosse pela inelegibilidade.

Ainda Estou Aqui

Por fim, “Ainda Estou Aqui” é o atual motivo de orgulho para todo o Brasil. 26 anos após a última indicação do país na categoria de Filme Internacional no Oscar, o país retornou com o longa baseado no livro homônimo de Marcelo Rubens Paiva.

A produção retrata a trajetória da família Paiva: Rubens, o pai, Eunice, a mãe, e seus cinco filhos. Após serem vítimas de um ato violento e arbitrário, suas vidas mudam radicalmente. Eunice se vê, então, obrigada a se adaptar e a construir um novo futuro para si e para seus filhos.

Além da indicação na categoria de Melhor Filme Internacional, Fernanda Torres foi nomeada ao prêmio de Melhor Atriz, e a produção conquistou uma indicação histórica para o Brasil na categoria de Melhor Filme.

O Oscar 2025 acontece no domingo (2), no Dolby Theatre, em Hollywood, com transmissão ao vivo no Brasil pela TV Globo, TNT e Max, a partir das 21h (horário de Brasília). “Ainda Estou Aqui” concorre nas categorias de Melhor Filme Internacional e Melhor Filme, e Fernanda Torres é candidata levar a estatueta de Melhor Atriz.

Confira a lista completa de indicados deste ano.

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