Trump alimenta o ímpeto expansionista de Putin – 02/03/2025 – Lygia Maria


Na sexta (28), o mundo assistiu a um show de horrores inaudito na história recente da diplomacia ocidental. O presidente dos EUA, Donald Trump, e seu vice, J.D.Vance, encurralaram Volodimir Zelenski, que há três anos luta contra o russo Vladimir Putin pela liberdade da Ucrânia.

O evento veio após falas insensatas do republicano, como “Você nunca deveria ter começado isso, deveria ter feito um acordo”, culpando a Ucrânia pela guerra, e chamar Zelenski de ditador.

Trump se alinhou a Putin, forjando um acordo que concede vitória ao invasor com a rendição do invadido e busca explorar minérios ucranianos.

Em apoio ao antiglobalismo de Trump, há reprodução de propaganda de Moscou, que acusa a Otan de não respeitar um acordo de não ampliação e a Ucrânia de tentar entrar na organização.

Tal acordo não existe. No Ato Fundador Otan-Rússia (1997), a entidade se comprometeu a não manter forças de combate permanentes nos novos Estados membros, mas não impediu adesões. E vários aderiam, inclusive na fronteira russa, como Estônia, Lituânia e Letônia. Não à toa.

Putin idolatra tanto o passado soviético como dos czares e funde história, nacionalismo e religião para justificar expansionismo.

Desde o fim da URSS, o país esteve envolvido em ações militares na Moldávia, na Geórgia, na Chechênia e na Crimeia. Vale-se de conflitos híbridos para manter influência sobre ex-repúblicas soviéticas e de conflitos congelados que mantêm regiões num limbo jurídico e político.

As falácias pró-Putin também estão na esquerda, revelando a proximidade entre os extremos. Lula disse que Zelenski não pode querer tudo e que “ele é tão responsável quanto o Putin”; bolsonaristas que criticavam essa postura agora louvam a de Trump.

No meio do imbróglio ideológico, que denota desprezo por ética e direitos humanos, o autocrata russo amplia seu poder. E Putin não vai parar. Se tomar a Ucrânia, será aberto um precedente perigoso que colocará em risco a segurança da Europa e os princípios democráticos que outrora os EUA costumavam defender.


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