Walter Salles revela que perdeu discurso que havia escrito – 03/03/2025 – Ilustrada


Walter Salles, o diretor de “Ainda Estou Aqui”, revelou em entrevista a jornalistas brasileiros e latino-americanos que perdeu o papel com o discurso que havia preparado para o Oscar.

Por isso, ele precisou improvisar ao receber a premiação de melhor filme internacional.

“Não sei se vocês repararam, mas eu fiquei com meus óculos sem ter o que ler”, disse.

No texto que havia preparado, o cineasta agradeceria o cinema brasileiro e a Academia do Oscar por reconhecer a história de resistência da advogada Eunice Paiva, viúva do ex-deputado Rubens Paiva, assassinado na ditadura militar brasileira.

Também falaria de outras mães “que têm a coragem de resistir” e citaria as atrizes Fernanda Torres e Fernanda Montenegro, as intérpretes de Eunice no filme premiado.

Por fim, Salles diria que governo autoritários surgem e desaparecem no esgoto da história, enquanto livros, canções e filmes ficam. E diria “viva a democracia, ditadura nunca mais”.

Veja a íntegra do discurso que Walter Salles preparou e perdeu:

“Obrigado, em nome do Cinema Brasileiro. Agradeço à Academia por reconhecer a história de uma mulher que, diante de uma tragédia causada por uma ditadura militar, optou por resistir para proteger sua família. Em um tempo em que tais regimes estão se tornando cada vez menos abstratos, dedico esse prêmio a Eunice Paiva e a todas as mães que, diante de tamanha adversidade, têm a coragem de resistir. Que nos ensinam a lutar sem perder a capacidade de sorrir, mesmo quando elas se sentem frágeis. Este prêmio também pertence a duas mulheres extraordinárias, Fernanda Torres e Fernanda Montenegro. Elas não apenas elevaram nosso filme, mas representam o fato de que a arte resistiu no Brasil. Governos autoritários surgem e desaparecem no esgoto da história. E livros, canções e filmes ficam conosco…Obrigado a todos, em nome do cinema brasileiro e latino-americano!! Viva a democracia, ditadura nunca mais!”

Veja o discurso improvisado pelo diretor de “Ainda Estou Aqui”:

“Em nome do cinema brasileiro, é uma honra tão grande receber isso de um grupo tão extraordinário. Isso vai para uma mulher que, depois de uma perda tão grande em um regime tão autoritário, decidiu não se dobrar e resistir… Esse prêmio vai para ela: o nome dela é Eunice Paiva. E também vai para as mulheres extraordinárias que deram vida a ela. Fernanda Torres e Fernanda Montenegro. Tom, Bernard e Michael, vocês são os melhores. Muito obrigado por isso, é algo extraordinário.”

Na entrevista, em um hotel de Los Angeles na noite desta segunda-feira (3), ele falou sobre a fragilização da democracia.

“A gente está vivendo um processo de fragilização crescente da democracia, um processo que está se acelerando cada vez mais. O filme se tornou próximo de quem o viu nos Estados Unidos. Isso explica a maneira crescente com que ele foi abraçado nos Estados Unidos”, disse, ao responder uma pergunta relacionada à prática das deportações de imigrantes acorrentados.



Source link

Adicionar aos favoritos o Link permanente.