Goiano, Pablo Marçal bagunça jogo ideológico esquerda/direita

Quando Goiânia, em 1987, acabara de descobrir que o césio-137 causava danos irreversíveis na cidade e nas pessoas, o bebê Pablo Henrique Costa Marçal, de cinco meses, não sabia, mas se tornaria um dos nomes mais conhecidos da palavra falada no Brasil. Marçal nasceu na capital goiana em abril do ano em que o mundo assistiu, atônito, ao maior acidente radiológico do mundo em zona urbana. 

Coach, empresário, Pablo deixou Goiás – como muitos – para crescer em São Paulo. Na verdade, estender os negócios que já fazia em Goiânia. Não está tão claro quais negócios o são, mas, envolvem sociedade, sobretudo, na construção de edifícios. Ele gosta de lembrar que antes de tornar-se o empresário multimilionário, ele trabalhara como call center. E, na empresa, cresceu a ponto de tornar-se líder. 

Em São Paulo, com o network, ele fez amizades com gente poderosa e, com audiência que só cresce nas redes sociais, conseguiu pontuar bem em pesquisas eleitorais desde 2022, quando, não fosse uma briga judicial do partido do qual estava filiado – PROS -, teria disputado à Presidência. Não deu. 

E Marçal, que já vinha se posicionando completamente contrário ao candidato da esquerda, o petista Luiz Inácio Lula da Silva, concorreu à Câmara Federal – e foi eleito por causa de uma totalização de votos, mas teve candidatura impugnada em um rito complicado da Justiça Eleitoral. 

Embora infinitamente mais próximo de Jair Bolsonaro, Marçal tem um perfil que destoa do seu favorito. Mais intrinsecamente ligado ao empresariado, onde consolidou-se, usa uma linguagem mais corporativa, o que é natural pelo ambiente onde permanece. 

Como palestrante, há cinco anos ele posta vídeo em seu canal no Youtube, onde, inclusive, no início, conversou com os meninos da categoria de base do Goiás Esporte Clube com palestras motivacionais. À época, os vídeos rendiam em média de 50 mil acessos. Atualmente, batem mais de 4 milhões. 

Ainda não se pode comparar Marçal do ponto de vista de audiência nas redes sociais, afinal, Bolsonaro virou o rosto do antipetismo desde antes do pleito de 2018, quando foi eleito presidente da República em uma disputa contra o atual ministro da Fazenda Fernando Haddad. 

Inelegível, Bolsonaro é a expectativa para ungir um dos nomes que surgem como pré-candidato: o governador de São Paulo, Tarcisio Freitas (Republicanos), Romeu Zema (Novo), Ratinho Jr. (PSD) e Ronaldo Caiado (União Brasil). O governador goiano Ronaldo Caiado, inclusive, tem ganhado pontos com o ex-presidente.

Voltemos ao Pablo Marçal. O goiano tem o desafio de polarizar com Guilherme Boulos (PSOL-SP). Ambos até se ofenderam na Câmara dos Deputados em uma audiência sobre a cassação do deputado federal mineiro André Janones (Avante-MG). A briga generalizada. Marçal estava ao lado Zé Trovão (PL-SC), Nikolas Ferreira (PL-MG), Gustavo Gayer (PL-GO). 

Marçal foi convidado – com direito a broche – pela ala oposicionista e bolsonarista para contribuir com a pressão (principalmente virtual) contrário à cassação do parlamentar aliado de Luiz Inácio Lula da Silva acusado de rachadinhas.

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