Pivô da prisão de Ronaldinho segue foragida após 5 anos – 08/03/2025 – Esporte


Cinco anos após prisão de Ronaldinho Gaúcho junto ao irmão por possuir passaportes falsos no Paraguai, aquela que é a peça-chave do caso segue foragida. Apontada como quem viabilizou os documentos à dupla, Dalia López nunca se apresentou à Justiça e, ao que tudo indica, segue driblando autoridades locais desde então.

López teve ordem de prisão emitida em 7 de março de 2020, um dia após Ronaldinho ser preso. Duas semanas depois, diante de sua recusa de se entregar, uma ordem de captura internacional foi emitida —e tem sido renovada desde então. Há apenas quatro meses o pedido foi feito novamente à Interpol por um juiz de Assunção.

A empresária que se dizia “em busca da vacina contra a pobreza” e tinha conhecidos laços com o poder público foi acusada de associação criminosa e produção de documentos falsos.

Ela é desde então considerada a responsável intelectual pelo caso, a peça que falta para entender qual foi o real objetivo dos passaportes falsos feitos e entregues para Ronaldinho.

Desde a época, o ex-jogador diz ser inocente e que estava no país com contratos firmados por seu irmão para a inauguração de um cassino online e o lançamento de um livro, “Craque da Vida”.

O Ministério Público Federal trabalha desde então com a hipótese de que López pretendia utilizar os documentos paraguaios falsos para lavar grandes somas de dinheiro obtidas em atividades ligadas ao contrabando e, possivelmente, ao narcotráfico.

A Polícia Nacional paraguaia nunca a encontrou, ainda que cidadãos já tenham, mais de uma vez, afirmado tê-la visto em zonas públicas de Assunção. Uma caminhonete sua também foi encontrada há menos de dois anos na capital do país, e ao menos uma testemunha disse que ela, acompanhada de dois seguranças, havia saído do carro. Nada mudou no caso, mas a Justiça afirmou na ocasião que passou a investigar quem estaria dando apoio para López seguir foragida.

A reportagem não conseguiu contato com a defesa dela.

Uma confissão de López preencheria um quadro que há cinco anos tem muitas lacunas em branco. Ronaldinho e seu irmão, Roberto de Assis, ficaram quase seis meses presos, mas foram liberados após pagarem multas que somadas e em valores corrigidos equivaleriam a R$ 1,4 milhão. Eles já não devem nada à Justiça paraguaia. Já Dalia López…

A empresária aparentava ter alguma relação com o governo do ex-presidente Mario Abdo Benítez (2018-2023) e já apareceu em fotos com ele. Chegou a participar de eventos presidenciais. Os lucros de suas oito empresas registradas em categorias como a de exportação não são conhecidos, mas em 2019 elas eram investigadas por lavagem de dinheiro e evasão fiscal. Além disso, López era uma benfeitora.

Em uma pomposa entrevista que concedeu à unidade argentina da revista Caras, foi descrita assim: “Sua filosofia busca o equilíbrio entre a ganância e o espiritual; na sua terra, o Paraguai, desfruta tanto dos negócios como de ajudar ao próximo”. O texto foi publicado três semanas antes da chegada de Ronaldinho a Assunção.

López dizia ter muitos amigos brasileiros e que o ex-jogador supostamente iria ao país para participar de eventos de seus projetos de caridade. Ela chegou a criar unidades móveis de postos de atendimento de saúde para atender mulheres, crianças, idosos e indígenas guaranis. “Gosto de me vestir bem, gosto de perfumes caros, da gastronomia diferente, de carros de marca, mas também me satisfaz ser solidária”, disse ela naquela conversa.

Os promotores do caso, porém, descreveram López como uma pessoa bem diferente daquela que ela própria apresentava. Disseram que ela integrava uma organização criminosa organizada para facilitar a confecção de documentos de identidade e passaportes falsos para usá-los em lavagem de dinheiro. Isso ocorreria com participação de funcionários do Estado. A ideia é a de que o caso do brasileiro jogou luz sobre o tema, mas nem de longe seria isolado.

Em dezembro de 2023, a Justiça local concluiu o julgamento de sete réus envolvidos no caso e os condenou a penas de dois a cinco anos de prisão. Dois deles eram funcionários públicos.

Ronaldinho recém-lançou o programa “Manual do Bruxo”, um curso online para ensinar jovens atletas a melhorar a performance. Nos últimos dias, no X, deu a entender que em breve poderia lançar uma memecoin (criptomoeda baseada em tendências da internet).

É um tipo de investimento polêmico que tem crescido entre famosos e políticos e gerado crises, como a mais recente na Argentina, com o escândalo do criptogate no seio do governo de Javier Milei.

Ronaldinho já foi investigado por um suposto esquema de fraude nesses ativos digitais.



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