Das 10 maiores cidades goianas, apenas Rio Verde está apta a contratar empréstimos com aval da União

Bruno Goulart

A divulgação da nota CAPAG (Capacidade de Pagamento), que avalia a saúde fiscal dos municípios brasileiros, trouxe à tona uma realidade preocupante para as maiores cidades de Goiás. Das 10 mais populosas, apenas Rio Verde atingiu a nota necessária para contrair empréstimos com aval da União. As demais, incluindo a capital Goiânia, enfrentam restrições que podem comprometer investimentos e o desenvolvimento de políticas públicas.

A nota CAPAG, calculada com base em indicadores como endividamento, poupança corrente e índice de liquidez, é um termômetro para a gestão fiscal. Municípios que não atingem as notas “A” ou “B” ficam impedidos de acessar créditos federais, o que os obriga a buscar financiamentos em condições menos favoráveis, com juros mais altos e prazos mais curtos.

Exceção

Rio Verde, no sudoeste do estado, é a única entre as 10 maiores cidades de Goiás a receber nota “A” na CAPAG. O município se destacou positivamente em todos os indicadores, demonstrando uma gestão fiscal equilibrada e capacidade de honrar compromissos financeiros. No entanto, mesmo com o desempenho exemplar, a cidade recebeu nota “D” no ranking de qualidade das informações contábeis e fiscais, o que pode indicar falhas na transparência dos dados.

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A boa performance de Rio Verde contrasta com a situação de outras cidades importantes. Goiânia, por exemplo, que em 2023 havia alcançado nota “A”, viu sua avaliação cair para “C” em 2024. A queda reflete um agravamento nos indicadores fiscais, possivelmente relacionado ao aumento do endividamento e à redução da poupança corrente.

Aparecida de Goiânia 

Aparecida de Goiânia enfrenta um cenário ainda mais crítico. O município sequer teve sua nota CAPAG divulgada, devido à nota “E” no ranking de qualidade das informações contábeis e fiscais. Essa classificação indica uma grave falta de transparência na gestão fiscal, o que impede a avaliação precisa da capacidade de pagamento. A situação é particularmente preocupante, já que Aparecida de Goiânia busca um empréstimo de US$ 120 milhões (cerca de R$ 700 milhões) junto ao Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), também conhecido como Banco dos Brics. Sem a divulgação da nota CAPAG, a contratação do empréstimo fica inviabilizada.

Anápolis

Anápolis também viu sua nota CAPAG cair de “B” para “C”. O prefeito Márcio Corrêa (PL) atribuiu o resultado à gestão fiscal da administração anterior, liderada por Roberto Naves (Republicanos). Segundo Corrêa, o município enfrenta uma dívida que pode chegar a R$ 1 bilhão, além de de R$ 300 milhões em compromissos pendentes com fornecedores.

Outras cidades

Águas Lindas de Goiás, quarta maior cidade do estado, também recebeu nota “C” na CAPAG. Apesar de um bom desempenho no indicador de endividamento (nota “A”), o município apresentou resultados ruins em poupança corrente e liquidez relativa (ambos com nota “C”). Além disso, a qualidade das informações fiscais foi classificada como “D”, o que indica uma gestão pouco transparente.

Luziânia e Valparaíso de Goiás, outras cidades importantes do Entorno do Distrito Federal, também estão em situação delicada. Ambas receberam nota “C” na CAPAG, com problemas específicos em poupança corrente e qualidade das informações. Senador Canedo, na região metropolitana de Goiânia, segue o mesmo padrão, com nota “C” na CAPAG e “D” no ranking de qualidade fiscal.

Trindade e Catalão completam a lista das 10 maiores cidades de Goiás, mas não tiveram suas notas CAPAG divulgadas devido à classificação “E” no ranking de qualidade fiscal. A retenção das notas impede que esses municípios acessem empréstimos com aval da União, limitando suas opções de financiamento.

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