Alta do azeite e vinho turbinam vinícola portuguesa – 11/03/2025 – Mercado


As 6.000 garrafas do icônico vinho Pêra-Manca tinto lançado em 2024 (safra 2018) que chegaram ao Brasil ajudaram a impulsionar o faturamento da Adega Cartuxa no país. A empresa é a responsável, desde a década de 1990, pela marca da bebida que teria chegado nessas terras, pela primeira vez, na expedição de Pedro Álvares Cabral em 1500.

O Pêra-Manca tinto lançado no ano passado não tinha uma safra comercializada desde 2021 (safra 2015). O nome do vinho remete às pedras de granito com formato semelhante à fruta vistas na região de Évora, sede da empresa.

No ano passado, mais um fator contribuiu para o resultado positivo da companhia, a alta no preço do azeite.

A adega vendeu quase toda a produção para outras empresas. O azeite com as marcas próprias foi destinado somente ao mercado brasileiro, em uma estratégia para manter sua participação neste mercado. A exceção foram as poucas unidades EA e Cartuxa vendidas no enoturismo em Évora, boa parte delas por brasileiros, que representam 60% das visitas no local.

No resultado global, no entanto, o vinho foi o destaque. “Sempre que há Pêra-Manca, é um ano de alguma maneira especial, porque ele tem sempre um peso significativo no faturamento”, afirma João Teixeira, diretor comercial e de marketing da empresa, que esteve no Brasil na semana passada.

Em 2024, o rótulo mais prestigiado da adega respondeu por quase 10% do faturamento total, de 28,4 milhões de euros, crescimento de 12% em relação a 2023. O aumento seria de 4,8% se fosse retirada da conta a receita com as 20 mil garrafas do Pêra-Manca comercializadas mundialmente.

No Brasil, o faturamento cresceu 43%, sendo 38% de aumento com as vendas de vinhos (1,4 milhão de garrafas) e 60% no azeite. O país representa cerca de 30% do resultado da empresa.

O diretor comercial da Cartuxa afirma que um dos desafios para 2025 será manter o mesmo nível de faturamento no Brasil, considerando a queda no preço do azeite, que já está entre 20% e 30% mais barato, e a provável ausência de uma nova safra do Pêra-Manca, o que deve ser definido em poucos meses pelos enólogos da Fundação Eugénio de Almeida, proprietária da Cartuxa. No resultado geral, a expectativa é ultrapassar os 30 milhões de euros neste ano.

“Temos este desafio no Brasil de compensar as vendas do azeite com os vinhos, mas estamos alinhados para isso. Vamos incrementar os investimentos em comunicação e publicidade para 2025. Com estes investimentos, e o crescimento ano após ano no mercado brasileiro, vamos conseguir absorver a diferença de valor do azeite. Temos o ponto de interrogação, se será possível recuperar na totalidade”, afirma Teixeira. “As expectativas são boas, e o câmbio ajuda também.”

A adega já comercializou toda a última edição do Pêra-Manca tinto, que em 2024, pela primeira vez, teve seu lançamento oficial realizado fora de Portugal, no Brasil. No momento, há 1.000 garrafas ainda não vendidas pelo importador Adega Alentejana. A expectativa é que até abril ou maio os estoques estejam zerados.

O vinho é comercializado no Brasil por cerca de R$ 5.000 no varejo —valor que varia de acordo com o imposto no estado de destino. Segundo a importadora, entre 60% e 70% do preço se referem a tributos, como Imposto de Importação, PIS/Cofins, ICMS, IPI.

Em Portugal, o vinho tem um IVA (Imposto sobre Valor Agregado) de 13%, abaixo da alíquota normal de 23%, por ser considerado um produto estratégico para a economia do país. O azeite é tributado em 6%, classificado dentro de uma espécie de cesta básica com tributação reduzida.

Nas vendas dentro da União Europeia, o vinho é exportado sem tributos, e a taxação fica por conta do país comprador —regra que passará a valer para as exportações brasileiras após a reforma tributária.

Portugal é atualmente o terceiro maior fornecedor de vinhos ao Brasil, depois de Argentina e Chile, bem à frente dos demais países europeus.



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