Como Joanópolis (SP) virou a capital do lobisomem


Cassalho não teme o sobrenatural, mas acredita que a lenda da licantropia pode ter origem em avistamentos de animais silvestres. A maldição, associada a diversas condições —como ser o sétimo filho homem ou passar dez anos sem confissão—, pode, na verdade, esconder encontros com animais da fauna local.

“Aqui já vimos bugios e lobos-guará. Há anos, um funcionário de uma pousada, que se vestia de lobisomem, jurava que, certa vez, o ser sobrenatural sentou ao seu lado num banco. Ele se mudou da cidade assustado. Dissemos que era um bugio, mas ele não acreditou”, conta o folclorista.

Tem como explicar o que as pessoas viram?

Mas o que pode explicar um bicho corcunda, que anda quase em pé? De acordo com o biólogo Rogério de Paula, que pesquisa lobos há 28 anos e é coordenador do Centro Nacional de Pesquisa e Coordenador de Mamíferos Carnívoros do ICMBio, há registros de lobos-guarás na região e o encontro com o animal “pode surpreender”.

O lobo-guará é o maior canídeo da América do Sul e o mais alto do mundo em altura de cernelha (dorso). Seu porte impressiona, e ele se desloca de forma silenciosa e cautelosa, característica essencial para caçar presas pequenas, como roedores e aves terrestres. Suas orelhas, sempre em movimento, funcionam como radares independentes, captando até sons inaudíveis para os humanos.
Rogério de Paula, biólogo

Para De Paula, a imagem do lobisomem pode estar ligada à descaracterização do lobo-guará, especialmente quando o animal está com sarna: “Sem a pelagem, seu corpo fica magro e desfigurado, e sua forma alongada pode parecer incomum. Além disso, ao trotar, ele dá impulsos com as patas traseiras, criando a ilusão de que está no ar, o que pode reforçar essa confusão”.





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