BNDES defende apoio ao cinema após críticas por empréstimo – 14/03/2025 – Mônica Bergamo


O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) entrou na mira de bolsonaristas depois da publicação, pela coluna, da notícia de que a instituição aprovou um crédito de R$ 32 milhões para a Conspiração Filmes. A empresa é uma das coprodutoras do longa “Ainda Estou Aqui”, vencedor do Oscar de melhor filme internacional.

Os ataques vieram de parlamentares como o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), a vereadora de São Paulo Janaina Paschoal (PP) e o deputado federal Mário Frias (PL-SP), que criticaram o uso de financiamentos do banco para ampliar o que chamam de “militância política”.

“Afinal, por que um bilionário de esquerda iria colocar dinheiro do próprio bolso em um projeto socialista se pode pegar do povo, não é mesmo?”, escreveu Mário Frias em referência ao cineasta Walter Salles, diretor de “Ainda Estou Aqui”. O deputado foi secretário especial de Cultura no governo de Jair Bolsonaro (PL). Filho do ex-presidente, Flávio foi na mesma linha. “Comunista dando dinheiro para bilionário?”, indagou em postagem no Instagram.

Janaína, por sua vez, afirmou que já existem muitas leis de fomento à cultura e que seria hora de se repensar a aplicação delas. “Não parece razoável, além delas, o BNDES começar a destinar recursos nessa seara. A conquista do Oscar não pode nos fazer perder o juízo crítico!”, escreveu.

O BNDES rebate a informação dizendo que o financiamento para a Conspiração não é para um filme específico. E que a ideia é apoiar produtoras do segmento como o banco apoia empresas de outras áreas com o objetivo de fortalecer a indústria cinematográfica, que gera emprego e renda.

“O que o BNDES está fazendo é dando crédito para uma empresa, assim como a gente dá crédito para várias outras empresas, de vários outros setores. Tem gente que vai entregar avião, tem gente que vai entregar carro, e a Conspiração vai entregar filme”, afirma o diretor de desenvolvimento produtivo, inovação e comércio exterior do banco, José Luis Gordon.

Ele ressalta também que se trata de um financiamento, que terá de ser devolvido pela produtora posteriormente. “É um empréstimo para ela [Conspiração] poder melhorar a produção dela, aquilo que ela é boa de fazer e gerar mais empregos, mais renda, expandir e fortalecer a cultura brasileira.”

“O que nós queremos é uma indústria de audiovisual forte. E vamos apoiar outras empresas do setor, grandes e pequenas”, reforça ele.

Diferentemente do que Flávio e Frias dão a entender em suas publicações, o filme “Ainda Estou Aqui” e Walter Salles não são beneficiários do empréstimo. O longa foi feito inteiramente com recursos privados.

O empréstimo do BNDES, segundo divulgado, será utilizado para que a Conspiração invista em equipamentos de produção e pós-produção e no desenvolvimento e internacionalização de suas atividades.

O apoio do banco ocorrerá por meio do Fundo Setorial do Audiovisual (FSA), desenvolvido em parceria com a Ancine (Agência Nacional de Cinema) e com o Ministério da Cultura.

Esse fundo é a principal linha de fomento do setor no país. Quase todo o dinheiro dele vem da Condecine, a Contribuição para o Desenvolvimento da Indústria Cinematográfica Nacional, tributo que é cobrado tanto pela obra lançada no mercado quanto diretamente das empresas de telecomunicação.

O banco, como explica Gordon, atua como agente financeiro, o que significa que, antes de conceder o empréstimo, avalia questões como o histórico da empresa, as condições de pagamento do financiamento, o que ela tem feito, quais são as garantias.

Gordon lembra que o BNDES tem um histórico de apoiar o segmento desde 1995. Em 2017, porém, por decisões dos governos Michel Temer (MBD) e Bolsonaro, o banco deixou de atuar com o setor, iniciativa que é retomada agora. “A ideia é fortalecer o segmento”, afirma.

Para ampliar essa ação, representantes do BNDES têm se reunido com produtoras para detalhar as linhas de crédito disponibilizadas pela instituição. Por meio do FSA, o banco possui para este ano orçamento de R$ 400 milhões para o audiovisual.

PIPOCA

O ator Marco Pigossi e o marido, o diretor Marco Calvani, receberam convidados para a pré-estreia do filme “Maré Alta”, na quinta (13). As atrizes Alessandra Negrini e Claudia Ohana marcaram presença no evento no Espaço Petrobras de Cinema.

com KARINA MATIAS, LAURA INTRIERI e MANOELLA SMITH


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