Antissemitas dizem que o Hamas mata por culpa de Israel – 16/03/2025 – Luiz Felipe Pondé


Na segunda-feira passada, a London School of Economics, a LSE, acolheu o lançamento do livro “Understanding Hamas and Why that Matters”, ou entendendo o Hamas e por que isso importa, de vários autores, sem espaço para o contraditório. Essa dica me foi dada por um amigo e colega filósofo, professor de uma universidade federal brasileira.

Sob a égide de ser um livro que esclarece a natureza histórica e política do Hamas, o livro é, antes de tudo, uma tentativa de apresentá-lo como um movimento legítimo que nasce unicamente por “culpa” do Estado de Israel.

É uma “ensaboada”, como disse um amigo meu, no grupo terrorista Hamas para dizer que ele, em si, come com garfo e faca, e, quando corta cabeças de bebês, o faz porque não tem outra saída para reagir à violência judaica e sionista, e não porque são bárbaros como o Taleban ou o Estado Islâmico.

Mas cabe a pergunta: por que uma instituição séria como a LSE acolhe iniciativas como essa? Antes de atentarmos para o fedor do antissemitismo que exala dessas iniciativas —o livro se refere ao pogrom de 7 de outubro de 2023 como “os eventos ocorridos no sul de Israel”, olha a “ensaboada” aí—, vale dar um passo para trás e verificar de onde vem o tesão da maior parte da comunidade acadêmica internacional, que é majoritariamente de esquerda, pelo ódio a Israel.

O jornalista francês Bernard Lecomte publicou, em 2020, o livro “KGB, La Véritable Histoire des Services Secrets Soviétiques”, ou KGB, a verdadeira história dos serviços secretos soviéticos, da editora Perrin, no qual narra como desde o período entre as duas grandes guerras a União Soviética construiu uma sofisticada rede de espiões ocidentais a serviço da futura revolução internacional comunista.

No centro dessas redes, os soviéticos escolheram inseminar jovens em universidades —como Cambridge , no Reino Unido—, redações de jornais, artistas, agentes culturais e até a inteligência das Forças Armadas dos países ocidentais, que passaram a trabalhar para os soviéticos de forma apaixonada.

Vale salientar que esses espiões eram ingleses, americanos, franceses, alemães, italianos, espanhóis que tinham seus “comandantes” soviéticos, que eram alimentados pelas informações dadas pelos seus espiões fiéis. Os soviéticos, por outro lado, supriam suas necessidades materiais.

Os frutos da inseminação desses agentes à esquerda, em espaços do campo da educação, da ciência, do jornalismo, da cultura e das artes foram profícuos, tanto é que os percebemos em ação até hoje. Então, quando você se perguntar qual a razão de esses espaços serem tão evidentemente de esquerda, saiba que não é efeito do acaso. Mesmo com o fim da União Soviética no final do século 20, a contaminação ideológica da esquerda estava completamente realizada e é mantida até hoje.

A esquerda, de lá para cá, abraçou formas distintas, entre elas a “luta” contra a opressão colonial. Israel seria um caso dessa opressão colonial sobre as vítimas inocentes palestinas, defendidas pelo justo Hamas. Essa é a primeira resposta para a pergunta do porquê as universidades são tão claramente simpáticas a posições contra Israel e tendem a pintar o Hamas como um grupo legítimo de resistência aos judeus e sionistas no Oriente Médio e no mundo ocidental como um todo.

No dia 9 de março, o jornalista inglês Jonathan Sacerdoti, especialista em atividades terroristas, publicou um artigo na revista britânica The Spectator no qual dá uma resposta pontual sobre esse acolhimento por parte da LSE de um livro que justifica politicamente e eticamente o massacre de civis israelenses, o estupro de mulheres, assassinatos de bebês e o sequestro e humilhação públicos de reféns judeus no pogrom de 7 de outubro de 2023.

Sua resposta é conhecida por quem acompanha o processo de constituição do movimento jihadista islâmico desde sua fundação nos 1920, com o advento da Irmandade Muçulmana, da qual o Hamas é um dos frutos mais violentos desde a sua criação.

A intenção desse grupo, como está escrito em sua carta de fundação, omitida por grande parte da imprensa ocidental e da inteligência criada pela espionagem soviética que age sobre as universidades, é o genocídio dos judeus, sejam eles israelenses ou não.

A interpretação feita por esses assassinos —não necessariamente unânime entre a população islâmica— é que a chamada Palestina não pode ter nem um judeu vivo sequer em seu território, quanto mais um Estado legítimo. Tampouco deve haver judeus vivos andando por aí. Os idiotas úteis ocidentais são muitos, envenenando os mais jovens com o seu discurso antissemita travestido de ciência política. Lixo puro.


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