Aliança entre PT e PSB é vista como certa, mas só deve ser selada em julho

Embora o martelo ainda não tenha sido batido, correligionários da deputada federal Adriana Accorsi (PT) garantem que as negociações para uma aliança com o PSB em Goiânia na eleição deste ano estão em ritmo acelerado nos bastidores. A pré-candidata à Prefeitura de Goiânia afirmou a pessoas próximas que ficou “bastante animada” após recentes conversas com o presidente do diretório estadual do PSB, Elias Vaz. 

Para um auxiliar da parlamentar, essa “demora” em anunciar um acordo é proposital. Se nos bastidores a aliança é dada como certa, as siglas acabam ganhando tempo e espaço ao adiar a formalização da união. “E eles vão empurrar mais um pouco porque é natural essa estratégia de deixar todo mundo conversando com todo mundo sem bater o martelo”, afirma um aliado. 

Segundo um petista, Accorsi está convicta de que será possível reproduzir em Goiânia a mesma aliança vista no governo federal com o presidente Lula (PT) e o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB). Ambos os partidos, porém, só devem selar a possível união no prazo das convenções partidárias, entre julho e agosto. 

Na semana passada, Accorsi teve uma reunião com o presidente Lula no Palácio do Planalto. No escopo da conversa, falaram sobre os desafios de Goiânia, especialmente na saúde, educação e obras. Lula teria se lembrado com carinho da amizade com o pai da parlamentar, o ex-prefeito Darci Accorsi, e garantiu apoio para fazer um “trabalho bonito” na Capital e no estado de Goiás. 

De acordo com pessoas a par da reunião com o presidente, a conversa não decantou em temas como a aliança com o PSB ou mesmo sobre uma visita oficial de Lula a Goiás — um dos muitos estados onde o mandatário ainda não esteve durante esta gestão e motivo pelo qual é alvo de críticas de opositores. No entanto, Lula teria expressado com firmeza que a pré-candidatura de Accorsi é uma prioridade, ecoando a ideia do PT de se fortalecer nas capitais do país no pleito deste ano.

O lema da frente ampla, que galvanizou a campanha de Lula à Presidência da República em 2022, também é adotado por Accorsi em Goiânia. A petista, que conta atualmente com apoio de ao menos três siglas à esquerda (PV, PSol e Rede), usa dessa retórica para tentar atrair o apoio do PSB.

No entanto, ao contrário do que quer o PT, a cúpula do PSB em Goiás tem demonstrado resistência em cravar apoio à pré-candidatura de Accorsi. Embora a legenda tenha afinidade ideológica com a esquerda e com a agenda progressista, há um debate interno em torno da necessidade de respaldar um candidato do espectro democrático, capaz de efetivamente conquistar a eleição em Goiânia, e que não necessariamente seja de esquerda. 

Essa garantia é do próprio presidente estadual do PSB, Elias Vaz. Em entrevista a este jornal no início do ano, o secretário nacional de assuntos legislativos do Ministério da Justiça e Segurança Pública enfatizou que a sigla quer fazer um diálogo mais amplo em Goiânia antes de definir apoio a algum nome. 

Conforme mostram recentes reportagens do HOJE, um acordo com o PT em Goiânia seria o caminho natural do PSB de outrora. Apesar de Accorsi defender a frente ampla e se dizer esperançosa quanto à aliança com os pessebistas, uma composição ainda é incerta. 

O presidente metropolitano do PSB, Vinícius Cirqueira, afirmou recentemente em entrevista ao HOJE que “não adianta fazer aliança que não vai levar nada a lugar nenhum”, sem citar siglas. “Tem que ser com candidatura que possa vir a ganhar a eleição e que, ao ganhar a eleição, possa colocar os projetos na frente, de executar as propostas”, disse na ocasião, pontuando que a legenda só tem um único temor: que Goiânia fique nas mãos da extrema-direita. Cirqueira é um dos nomes cotados hoje para ser indicado a vice na chapa de Vanderlan Cardoso, pré-candidato a prefeito da Capital pelo PSD. 

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