Hospital usa laserterapia para amamentação de recém-nascidos

De acordo com o mais recente estudo da Organização Mundial da Saúde (OMS), 97% das mães iniciam a amamentação, mas 43% a interrompem antes de a criança completar três meses. Uma das causas está associada aos machucados nos seios, como traumas mamilares, que afetam 58% das mulheres em fase de amamentação, sendo que 71% delas sofrem com fissuras.Para oferecer suporte às mães diante do problema, o Hospital Regional Abelardo Santos, localizado no distrito de Icoaraci, na Grande Belém, desenvolve uma técnica não invasiva, que utiliza luz laser de baixa intensidade para tratar lesões mamilares comuns em lactantes, como fissuras, dores e inflamações. Desde janeiro, o HRAS realizou a laserteparia em mais de 80 pacientes, com resultados satisfatórios. O procedimento é oferecido pelo hospital por meio do Sistema Único de Saúde (SUS). O tratamento é fundamental no apoio à amamentação, especialmente durante a campanha Agosto Dourado, que incentiva o aleitamento materno.

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Consequências – Segundo a fonoaudióloga Aline Mello, as fissuras mamilares, também conhecidas como rachaduras, são lesões que ocorrem devido à pressão realizada pelo bebê durante a amamentação, quando a “pega” do mamilo e o posicionamento do bebê são inadequados. Além de ser uma das principais causas para o desmame precoce, a fissura pode evoluir para quadros graves de mastite, abscesso mamário e sepse (inflamação em todo o corpo).”Trata-se de um tratamento totalmente gratuito, que, se realizado em uma clínica particular, pode ser bastante custoso. A aplicação do laser promove a cicatrização rápida, alivia a dor e reduz a inflamação, proporcionando maior conforto para a mãe e facilitando o processo de amamentação, o que estimula a continuidade do aleitamento no tempo correto para acontecer”, ressalta Aline Mello.

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Conhecimento – A especialista explica que muitas mulheres imaginam que a amamentação é um processo instintivo, e bastaria “colocar a criança no peito para que tudo funcione perfeitamente”. “Não é bem assim. Parte do aleitamento materno requer aprendizado, aliada ao tratamento da laserterapia mamilar. Se a pega e a posição não forem ajustadas, o problema pode retornar”, alerta a fonoaudióloga.Diante dessa dificuldade, o HRAS oferece também assistência para mulheres que enfrentam o problema para complementar o tratamento. Elas são orientadas sobre a forma correta de amamentar para evitar machucados. Antes mesmo do nascimento, há uma série de recomendações dadas às futuras a fim de preparar essa região sensível para a chegada do recém-nascido.VEJA TAMBÉMCarreta Missionária leva serviços de saúde à BelémEstado certifica 1.600 estudantes do Capacita COP 30“País terá antes e depois da COP30”, diz executivo da HydroEmoção – Mães que passaram pela laserterapia mamilar no HRAS relatam melhorias significativas, destacando a rapidez no alívio da dor e a eficácia na cicatrização das fissuras. “Quando a minha filha começava a chorar querendo peito, eu ficava assustada e nervosa, pois os meus seios estavam doendo bastante e acabava sendo um processo traumático”, conta Alessandra Rodrigues, 21 anos.”Foi quando conheci esse trabalho e não hesitei em pedir ajuda. Além disso, após o tratamento, a fonoaudióloga me ensinou a forma de estimular minha bebê a pegar o peito corretamente, o que me ajudou a evitar esse problema no futuro e a levar esse conhecimento para casa. Agora dou a mama sem medo”, acrescenta Alessandra.Marciele Silva dos Santos, mãe de Ingrid Vitória, descreve o alívio após a terapia. “Comemoro a cada dia, porque para mim não foi algo fácil. Cada gota de leite que ela mamou, cada respiração profunda na primeira sugada com a fissura no peito, foram difíceis. Mas graças a Deus, no final, tudo deu certo, e conseguimos desfrutar desse contato prazeroso que é amamentar a minha filha, sem dor”, relata Marciele.Quer saber mais notícias do Pará? Acesse nosso canal no WhatsappMichelle Kailani compartilha a mesma emoção ao falar da experiência. “Faz parte da minha história. Mas, no fundo, saio com bastante conhecimento sobre essa prática de amamentar. Fiquei impressionada com tudo que eu aprendi nesses dias no ‘Abelardo’. Não só isso. A técnica de laser trouxe um resultado rápido para a cicatrização das fissuras nos meus seios. Parabéns a toda a equipe”, reitera.Saúde mental – A amamentação é fundamental, e vai muito além da nutrição, envolvendo aspectos emocionais para a mãe e o bebê. O processo promove uma conexão íntima e benefícios significativos para a saúde psicológica de ambos. A interação durante a amamentação fortalece o vínculo afetivo, promovendo a segurança emocional do bebê e contribuindo para o bem-estar psicológico da mãe.Contudo, esse processo pode ser interrompido ou dificultado pelas fissuras mamilares. “A dor causada por esse problema pode levar a uma aversão ao ato de amamentar, tornando o momento que deveria ser reconfortante e prazeroso em uma fonte de estresse e ansiedade. Isso pode impactar negativamente a relação mãe-bebê e a saúde emocional de ambos”, afirma a psicóloga Daniella Dias.Para amenizar esse problema, é crucial que as mães recebam suporte adequado. “Por isso, a laserterapia mamilar é um ganho grandioso para essas mães, garantindo que a amamentação continue a ser uma experiência positiva e benéfica. Além disso, o apoio emocional e psicológico durante esse período ajuda a superar as dificuldades e restaurar o prazer e a conexão da amamentação”, conclui a psicóloga.Referência – O Hospital Regional Dr. Abelardo Santos é a maior unidade de saúde pública do Governo do Pará. A instituição é administrada pelo Instituto Social Mais Saúde (ISMS), em parceria com a Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa). Conta com um serviço de pediatria de urgência e emergência, além de leitos clínicos.A unidade é referência no atendimento à mulher e à criança, em quatro frentes pediátricas: pronto-socorro, cirurgia, internação clínica e Unidade de Terapia Intensiva (UTI), além do acolhimento nas unidades de Cuidados Intermediários. A pediatria do HRAS está estruturada com 10 leitos de UTI, 25 leitos de clínica pediátrica e um pronto-socorro infantil, com atendimento 24 horas.

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