Pós-encolhimento, Republicanos em Goiás dá sinais de descompasso

Nos bastidores da política goiana, há um ‘disse me disse’ sobre o destino do Republicanos em Goiás. O partido político ligado à igreja é comandado no Estado pelo ex-prefeito de Anápolis, Roberto Naves. Com pouco espaço nas Casas legislativas e baixa expressão nos Executivos municipais, a sigla guiada pelo ex-gestor chegou a 2025 com a missão de se reorganizar, recalcular a rota e voltar aos trilhos de um caminho minimamente mais otimista para os próximos anos. 

Entre as lideranças, o comentário é que apesar de algumas ‘rusgas’ com personagens ligados a diferentes grupos, Naves tem tentado fazer a diferença. O político tem marcado presença, segundo as mesmas fontes, em agendas do governo – inclusive, embarcou recentemente rumo à Índia integrando a comitiva do Governo de Goiás na missão asiática – e tem buscado atrair lideranças para o partido. 

No entanto, figuras consultadas pela reportagem afirmam que há um descontentamento em relação a Naves vindo “de cima pra baixo”. Em outras palavras, o descompasso tem origem em Brasília, especificamente na figura de Marcos Pereira, que é presidente nacional do grupo. Devido ao suposto estremecimento das relações, corre, mais forte do que nunca, o comentário de que Naves deve deixar o comando da sigla. 

Os que garantem que isso está próximo dizem também que o sucessor de Naves será o deputado federal e atual vice-presidente da sigla em Goiás, Jeferson Rodrigues. Uma outra corrente acredita numa via oposta. Não negam um “clima estranho” entre os ‘cabeças’ do grupo, mas descartam que Naves perderá as rédeas. Um dos consultados defende que a questão requer mero “alinhamento”. Mais do que isso: que nos próximos dias essa página será virada. 

Também circula o comentário de que Rodrigues não demonstra entusiasmo em assumir o grupo e que estaria trabalhando para deixar a situação pacificada. Apesar da reijeição com que deixou a prefeitura de Anápolis, Naves é visto como uma figura influente e um “político de bastidor”, o que, avaliam, é vantajoso a todo e qualquer dirigente de sigla. 

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Por isso paira no ar a defesa de um consenso, um “clima mais harmonioso”, interpretado não apenas como necessário mas fundamental quando o assunto é a contrução de um projeto sólido para 2026. Essa defesa se justifica justamente pela condição da sigla que, em Goiás, não é das melhores. Em outras palavras, se dividirem o pouco que tem, o futuro do Republicanos no Estado pode ser pior do que o presente. Ou seja, o momento é de união de forças. 

Na contramão

Ainda que Naves seja rotulado por muitos como um político de bastidor e com larga habilidade de articulação, os últimos anos de sua trajetória política jogam contra seus interesses. Conforme mostrado pelo O Hoje, o resultado das eleições municipais de 2024 foram pouco animadores para Republicanos. Mais ainda para Naves. Em primeiro lugar, a gestão do ex-prefeito pouco agradou os anapolinos. Já no fim de seu segundo mandato, as pesquisas apontavam que a rejeição que chegava perto dos 50%. O caos na saúde pública da cidade é visto como um dos fatores que mais prejudicaram sua imagem. 

Além disso, a candidata apoiada por ele, Eerizânia Freitas – que atualmente ocupa a Secretaria de Políticas para as Mulheres, Assistência Social e Direitos Humanos em Goiânia -, nem ameaçou o deputado estadual Antônio Gomide (PT) e Márcio Corrêa (PL), que foram com sobras para o 2º turno no município. 

Ademais, Eerizânia sequer foi uma candidata do Republicanos. Filiada ao União Brasil, a secretária nunca foi um nome do partido e a decisão mostrou que Naves preteriu o partido na disputa em Anápolis. 

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