Como a arquitetura hospitalar pode transformar a experiência de pacientes

Por Jodeli Florenço, arquiteta diretora da Redora Arquitetura.

A experiência de um paciente em um ambiente de saúde vai muito além do atendimento médico e de enfermagem. O espaço onde ele está inserido pode ter um impacto significativo no processo de recuperação, no seu nível de estresse e até mesmo na eficácia do tratamento. Ao projetar ambientes hospitalares, nossa missão como arquitetos é criar espaços que promovam o bem-estar, acolham e proporcionem conforto e isso inclui garantir a segurança e eficiência dos espaços e funcionalidade dos ambientes e entre os ambientes, respeitando fluxos adequados.

Quando pensamos em arquitetura para ambientes de saúde, sabemos que a estética não é o único fator a ser considerado. A saúde e o bem-estar do paciente devem ser nossa prioridade. Por isso, além de atender às necessidades práticas e funcionais de uma clínica ou hospital, precisamos pensar na experiência emocional que o ambiente pode proporcionar.

A escolha da iluminação, das cores, do mobiliário e da distribuição do espaço pode fazer toda a diferença na percepção do paciente. Por exemplo, pesquisas demonstram que ambientes com iluminação adequada e cores suaves ajudam a reduzir a ansiedade e o estresse. Além disso, um bom design não precisa apenas ser visualmente agradável; ele deve ser sensorial, estimulando emoções positivas e criando um espaço de acolhimento e segurança.

Um dos elementos mais poderosos na arquitetura hospitalar são os espaços verdes. Eles não só trazem beleza e tranquilidade ao ambiente, mas têm um impacto mensurável na saúde dos pacientes e de seus acompanhantes. Em uma pesquisa realizada pelo psicólogo ambiental e professor no Center for Healthcare Building Research na Chalmers University of Technology, na Suécia, Roger Ulrich, foi constatado que pacientes hospitalizados em quartos com vistas para áreas verdes consumiram 35% menos analgésicos após cirurgias, comparados àqueles que não tinham esse contato com a natureza.

Além de reduzir o consumo de medicamentos, os espaços verdes também ajudam a diminuir o estresse dos acompanhantes. Ulrich observou que 10% dos familiares de pacientes em UTIs apresentaram sintomas de estresse significativo, e o contato com áreas ajardinadas e iluminadas naturalmente ajudou a aliviar essa carga emocional.

A relação entre saúde e ambiente é uma prática antiga. Desde os Jardins Suspensos da Babilônia até os mosteiros medievais com pátios de ervas medicinais, a conexão entre natureza e bem-estar sempre foi reconhecida como uma forma de promover a cura. Hoje, como profissionais da arquitetura hospitalar, buscamos adaptar essas práticas para as necessidades contemporâneas, criando ambientes que combinem o melhor do passado com as exigências da modernidade.

Ao projetar espaços de saúde, buscamos não apenas proporcionar conforto físico, mas também criar um ambiente sensorial que estimule a recuperação emocional e psicológica do paciente. O ambiente deve acolher, regenerar e promover o equilíbrio. A nossa missão é trazer um pouco dessa ancestralidade para o presente, respeitando a individualidade de cada espaço e as necessidades específicas de cada paciente.

Investir em arquitetura hospitalar humanizada é mais do que uma tendência; é uma necessidade para garantir uma experiência de saúde mais eficaz e mais agradável para os pacientes. Hospitais e clínicas que adotam o design centrado no paciente não só oferecem um ambiente mais acolhedor e confortável, mas também contribuem diretamente para uma recuperação mais rápida e saudável.

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