Kaká e Neymar trazem ao Brasil ‘circo’ que irritou LaLiga – 27/02/2025 – Esporte


Um jogo de futebol com gols contados em dobro, substituições infinitas e cartas com poderes especiais, como em um “game show”. Equipes lideradas por craques do passado e do presente, “streamers” ou artistas. Duelos de 40 minutos, sem a possibilidade de empates, com uma inusitada disputa por pênaltis, que não são exatamente pênaltis.

“É futebol, mas não é futebol”, descreveu Gerard Piqué sobre o conceito da Kings League.

Fundada pelo ex-zagueiro, de histórica carreira no Barcelona e campeão mundial com a Espanha em 2010, a competição de futebol de sete, com elementos de outros esportes e regras semelhantes às de um programa de televisão, terá sua primeira edição realizada no Brasil a partir de março.

O torneio desembarca no país como parte de seu projeto de expansão global depois de surgir na Espanha, em 2023, ser replicada na Itália, estabelecer uma edição reunindo equipes das Américas e realizar sua própria Copa do Mundo, vencida pelo Brasil.

No Brasil, o principal entusiasta é o ex-jogador Kaká. Escolhido para ser o presidente da Kings League Brazil, ele ajudou a reunir um time formado por nomes como Neymar, Gaules, Luva de Pedreiro e Ludmilla, escalação alinhada com a proposta da competição de unir esporte e entretenimento.

Os famosos presidem quatro das dez equipes formadas para a primeira edição brasileira. Mas a atuação deles não deve se limitar a ficar fora da quadra. Como presidentes, eles podem ser acionados para cobrar pênaltis.

“A Kings League representa uma nova forma de consumir o futebol, e estou ansioso para acolher novos fãs em nossa comunidade”, afirmou Kaká.

Na última segunda-feira (24), a liga realizou um “draft” em São Paulo para formar seus elencos. As equipes receberam uma ordem de escolha e selecionaram jogadores de um banco de talentos.

Inspirado na NBA e na NFL —as ligas de basquete e futebol americano dos Estados Unidos, respectivamente—, o modelo foi pensado para equilibrar a qualidade de cada um dos times

“É um entretenimento diferente, um futebol diferente. A Kings League traz uma certa brincadeira, mas, ao mesmo tempo, traz uma coisa séria. Todos vieram para ganhar, os presidentes, influenciadores. Estamos aqui para isso”, disse Neymar.

Ainda não estão definidas as datas nem os locais em que os jogos ocorrerão. O próprio regulamento está sendo finalizado, mas deve seguir os parâmetros estabelecidos na versão espanhola.

Na Espanha, o duelo começa sem um pontapé inicial. A bola é colocada no meio, e os times correm em direção a ela para ter a posse. As substituições são ilimitadas. O cartão amarelo significa que o jogador precisa sair de quadra por dois minutos, e o cartão vermelho é a expulsão, mas com possibilidade de substituição.

Os pênaltis são cobrados com bola rolando. Há, ainda, cartas com vantagens especiais, como bater um pênalti instantâneo, roubar uma carta do rival, remover um jogador adversário por dois minutos e contar em dobro qualquer gol marcado no minuto seguinte. A carta curinga dá direito ao treinador de optar por uma dessas vantagens.

“É um circo”, definiu Javier Tebas, presidente de LaLiga, entidade que organiza o Campeonato Espanhol.

A imprensa espanhola tratou a ironia do dirigente como uma sinal de preocupação. Ao menos em relação ao público jovem, o mais atraído pela nova modalidade.

Para Thiago Freitas, COO da Roc Nation Sports no Brasil, empresa norte-americana de entretenimento que agencia carreira de atletas como Vinicius Junior e Endrick, o próprio futebol tem afastado gerações mais novas.

“Os jovens que deixaram de acompanhar futebol na última década o fizeram por questões de segurança, desconforto nos estádios, precificação dos eventos, horários das transmissões e concorrência com serviços de streaming, de áudio e vídeo”, disse Freitas.

Jorge Duarte, gerente de marketing e esportes da Somos Young, empresa que atua no atendimento a sócios-torcedores de clubes como Cruzeiro e Vasco, afirmou que o formato da Kins League “veio para ficar” porque, em sua visão, soube entender a forma como as novas gerações consomem o conteúdo esportivo.

“O público jovem está inteiramente conectado a valores que a Kings League tem exercido muito bem, como as interações e as transmissões digitais, por exemplo”, disse.

No Brasil, os duelos terão transmissões nos canais do YouTube e da Twitch que pertencem aos clubes envolvidos. Haverá também produção de conteúdos curtos para o TikTok.

Para o “streamer” Gaules, essas escolhas permitem uma interação mais rápida com o público-alvo da liga.

“O stream permite que você tenha uma relação muito próxima com o seu público. Você está perto o tempo todo, é possível colher um feedback muito rápido de quem assiste. Na TV, por exemplo, você leva um tempo para entender o que as pessoas querem”, disse.

Desde sua criação, a Kings League tem sido consideravelmente popular. De acordo com dados fornecidos pela própria organização, a Kings World Cup Nations 2025, como é chamada a Copa do Mundo da modalidade, realizada em janeiro, acumulou 100 milhões de visualizações somando as diversas plataformas nas quais seus jogos foram transmitidos.



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