Sobre descontinuidades afetivas

Outro dia, li um texto da Geni Núñez sobre descontinuidades afetivas, e ela conseguiu traduzir de forma simples o que eu sinto.

A grande maioria das pessoas acredita que o amor segue uma ordem: primeiro, vem a paixão, quando estamos conhecendo alguém e projetamos nele todas as nossas idealizações. Depois, vem a decepção, quando começamos a ver a pessoa como ela realmente é. Só então, dizem, o amor verdadeiro pode surgir.

Mas, para mim, o amor não segue essa linha reta. Nem a vida é tão linear. É possível amar intensamente, seja alguém que você acabou de conhecer ou um trabalho no qual você está há anos.

O tempo, para mim, não é o que define a profundidade do sentimento. A paixão, por exemplo, vem em ondas. Às vezes, as marés estão calmas e tranquilas; outras, são avassaladoras e me surpreendem.

Mesmo depois de amar alguém ou estar em um trabalho por uma década, é possível sentir uma nova onda de paixão, como se fosse a primeira vez. Isso me fez perceber que a idealização nunca desaparece completamente; ela apenas muda de forma com o tempo.

Por isso, não vejo a paixão como algo exclusivo do novo, nem o amor como algo reservado apenas para o que já é antigo. Reconhecer essa falta de linearidade me ajuda a ser mais generosa comigo mesma e com os outros, aceitando as mudanças e transformações sem esperar que a vida siga um roteiro pré-definido.

Também é possível amar sem ter todas as respostas, e talvez seja essa incerteza que torna o amor tão especial e mutável. E, claro, essa reflexão nem sempre precisa ser sobre amor.

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