Polêmica sobre congestionamento no Porto de São Francisco do Sul se intensifica

À medida que se aproxima a época de uso dos fertilizantes nos solos catarinenses, para o plantio da próxima safra de verão no sul do país, os ânimos se exaltam no Porto de São Francisco do Sul devido à demora nas atracações dos navios para descarregar os fertilizantes. 

A polêmica gira em torno de um embate entre os importadores e a administração do Porto. A ACIA – Associação Catarinense de Fertilizantes – denuncia que está havendo protecionismo para outras cargas, com preferências para outros navios, fruto da ingerência política de alguns operadores portuários. A associação alega atrasos de até 60 dias no atracamento dos navios de fertilizantes, gerando prejuízos com demurrage (custos de espera) e estadia de navios fora dos cais, além do risco de não entrega dos adubos na época recomendada pelos órgãos oficiais do setor agropecuário. 

Por sua vez, a direção do Porto afirma que não há preferência e que o atraso é de apenas 12 dias. Esse número é contestado pela Associação, que denuncia em nota “a falta de verdade nas publicações do Porto e acusa o governo do estado de negligente no problema, por ter compromisso político com outros setores”, conforme a nota da ACIA. 

A Fecoagro, que também é importadora e defende um tratamento equitativo para todos na atracação dos navios, ou seja, por ordem de chegada, sem um setor passando à frente do outro, reconhece os atrasos e está pagando caro pela falta de estrutura no Porto para atender às demandas. A Fecoagro já considera fazer parceria com outras empresas misturadoras no Porto de Rio Grande para evitar esses problemas, que tendem a se agravar nos próximos anos se não houver uma resolução urgente da situação. 

De acordo com os controles da Fecoagro, em 2024 os navios estão enfrentando atrasos que variam de 17 a 50 dias para atracar. De 33 navios que trouxeram fertilizantes para a Fecoagro, apenas 4 tiveram menos de 12 dias de atraso. Neste ano, a empresa já pagou US$ 957 mil em demurrage. No ano passado, a Fecoagro teve menos demurrage porque optou por comprar o produto no costado dos navios, para evitar riscos indefinidos de valor, mas pagou mais caro pelo produto. Mesmo assim, gastou US$ 280 mil em demurrage, valor que não conseguiu repassar nos produtos. 

Em 2022, a situação foi um desastre. A Fecoagro pagou US$ 3 milhões em demurrage. De 31 navios, apenas 4 tiveram menos de 12 dias de demurrage, enquanto os demais variaram de 12 a 43 dias. Portanto, é inegável que existem problemas no Porto que precisam ser resolvidos. 

O presidente da Ocesc – Organização das Cooperativas do Estado de SC – Vanir Zanatta, que também é vice-presidente da Fecoagro, manifestou preocupação com a situação. Ele afirmou que a falta de adubos nas lavouras reduzirá a produtividade, e a principal lavoura de interesse dos catarinenses, o milho, pode ser ainda mais afetada pela falta do produto. Zanatta defende a adoção de uma fila única no Porto, por ordem de chegada, sem preferências para ninguém. 


 

Fonte: Fecoagro 

 

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