IMAS acumula dívidas milionárias e deixa usuários sem assistência

O Instituto Municipal de Assistência à Saúde dos Servidores de Goiânia (IMAS) enfrenta uma crise sem precedentes, deixando milhares de usuários desamparados. Apesar dos descontos mensais em folha de pagamento, servidores municipais relatam dificuldades extremas para obter atendimento médico, acesso a exames e realização de cirurgias. Com uma dívida acumulada de R$ 227,1 milhões, a situação afeta diretamente cerca de 78.619 beneficiários, entre titulares, dependentes e agregados, que dependem do plano de saúde para seus cuidados.

Em janeiro de 2025, o presidente do IMAS, Paulo Henrique da Farmácia, anunciou medidas emergenciais para enfrentar os problemas herdados de gestões anteriores. Entre as ações planejadas, ele destacou a elaboração de um cronograma de pagamento das dívidas e uma auditoria para reorganizar as finanças do instituto.

Em entrevista, Paulo Henrique da Farmácia apontou que os pagamentos aos prestadores de serviço seriam feitos no início de fevereiro, sendo esses os débitos de 2024. “Estamos conversando com todos os hospitais e avaliando uma questão cronológica para que eles voltem a atender. Claro que é necessário um pouco de paciência, pois temos apenas 20 dias de gestão”, afirmou o presidente. Enquanto isso, os usuários reclamam da falta de atendimento, mesmo pagando todos os meses através do desconto na folha de pagamento.

“A saúde pública é uma prioridade, e estamos trabalhando para resolver essas pendências com responsabilidade e agilidade. Nosso compromisso é com a população e com a qualidade dos serviços oferecidos”, afirmou Paulo Henrique.

Entretanto, a demora na apresentação do plano de pagamento gerou mais insatisfação entre os servidores. Em 17 de janeiro, o IMAS havia se comprometido a divulgar o cronograma em até 10 dias, mas até 28 de janeiro nenhuma proposta concreta foi apresentada. Essa situação levou à suspensão de atendimentos por parte de vários hospitais credenciados, incluindo o Instituto Goiano de Pediatria (IGOP), que não recebe repasses desde setembro de 2023.

Déficit financeiro 

A raiz do problema está no constante déficit orçamentário do Imas, que enfrenta despesas mensais de R$ 20 milhões, enquanto sua receita é de apenas R$ 14 a R$ 15 milhões. Atualmente, a contribuição patronal da Prefeitura é de 4%, valor equivalente ao descontado dos servidores. Para equilibrar as contas, Paulo Henrique afirmou que será necessária uma revisão nos valores descontados em folha, o que dependerá de um projeto de lei a ser encaminhado à Câmara Municipal.

“Temos que organizar a questão financeira junto com o projeto de lei para dar saúde ao instituto, aumentar a receita e organizar o atendimento para o usuário de maneira fácil”, destacou o presidente. Ele também afirmou que os pagamentos de 2025 serão feitos pontualmente, como forma de assegurar a continuidade dos serviços.

Em resposta às críticas, o Imas enviou uma nota oficial ao Jornal O Hoje, destacando os esforços da atual gestão para enfrentar a crise. “O Instituto Municipal de Assistência à Saúde dos Servidores de Goiânia (Imas) esclarece que a atual gestão tem se debruçado em encontrar soluções para problemas históricos da capital, dentre eles a dívida do Imas. Diante do grave quadro herdado, o instituto tem se reunido com diferentes entidades para traçar um plano de ação para este momento.”, afirmou o comunicado.

Crise compromete atendimento e gera desespero entre usuários

A crise financeira reflete diretamente na qualidade do atendimento. Mariângela Pereira, usuária do IMAS, relatou as dificuldades enfrentadas por ela e sua família. “Meu esposo precisou de uma cirurgia no ano passado, mas não conseguiu atendimento pelo plano. Ele teve que recorrer ao SUS, mas também não conseguiu por falta de médicos. No fim, tivemos que pagar particular”, desabafou. “Os médicos não querem atender pelo IMAS, a realidade é essa”, afirma.

Além disso, a usuária também mencionou filas longas como problemas recorrentes enquanto o IMAS estava sob a antiga gestão. “ O Imas estava bem pior, nem consultar você não conseguia. Agora depois que o Mabel entrou começou a melhorar, deu uma leve melhorada, não tá bom não, mas tá uma leve melhorada. Antes só tinham dois hospitais em Goiânia que atendia pelo Imas e a maior dificuldade. “

Essas situações negativas que ainda persistem tem gerado manifestações por parte dos servidores, que cobram melhorias urgentes no serviço. Em março de 2024, o então presidente do Imas, Marcelo Teixeira, revelou que o instituto enfrentava um déficit mensal de R$ 6 milhões. Para o atual prefeito Sandro Mabel, a solução passa pela gestão técnica e pela eliminação de indicações políticas na administração do Imas.

Apesar das promessas, os servidores continuam apreensivos quanto ao futuro do Imas. A crise financeira e a falta de atendimento médico são sintomas de uma gestão que enfrenta desafios estruturais e necessita de soluções imediatas para recuperar a confiança de seus beneficiários. Enquanto isso, milhares de usuários seguem sem a assistência de saúde pela qual pagam mensalmente, gerando um cenário de incerteza e revolta entre os servidores de Goiânia.

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