Festa de Iemanjá acontece neste domingo em diversas cidades 

O dia 2 de fevereiro é a data em que as religiões de matriz africana celebram a entidade chamada Iemanjá. Pelo sincretismo religioso adotado no Brasil, há uma associação entre o dia de Nossa Senhora dos Navegantes e a orixá. “Lá na África, Iemanjá era uma divindade das águas doces. Aqui no Brasil, ela assumiu as águas salgadas, né? E aí está sempre associada aos rios, à fertilidade feminina, à maternidade e, sobretudo, à continuidade da vida, à criação e preservação da existência. Esse culto foi trazido para o Brasil pelos povos iorubás”, explica Márcio Neco, historiador e cientista da religião.No Pará, existe uma diferença e o costume de celebrar Iemanjá ficou em 8 de dezembro – data em que, pelo sincretismo, ocorre a festa de Nossa Senhora da Conceição e Oxum, a orixá dos rios. Na região amazônica, a presença dos rios é mais marcante do que a do mar, e, no processo histórico, houve uma fusão de celebrações. Iemanjá é a entidade feminina mais popular do Brasil, o que faz com que as simbologias ligadas a ela se propaguem na cultura popular.“Ela também é fortemente cultuada, lembrada e celebrada no dia 31 de dezembro. Muitas práticas acontecem, como levar oferendas ao mar e vestir-se de branco. São aspectos do culto a Iemanjá”, ressalta o historiador.VEJA TAMBÉMAno Novo Chinês: veja previsões para o amor e o dinheiro”Três Pulinhos”: conheça mais a história de São LonguinhoRituais com louro para chamar dinheiro em 2025. Confira!Em Belém, um dos maiores conhecedores dos cultos afro-brasileiros é o pai de santo Elivaldo Santos. O sacerdote é filho de Oxalá, mas tem grande admiração pela entidade feminina. “Ela simboliza a mãe. Geralmente, cultuamos a mãe dos orixás. Ela representa a mãe de todos nós, e é por isso que o brasileiro tem essa devoção, mesmo pertencendo a outras religiões”, declara Santos.O terreiro dele, localizado na avenida Augusto Montenegro, no bairro do Mangueirão, é conhecido por ter uma grande estátua em homenagem à Rainha do Mar, de braços abertos para a avenida.“Ela ajuda muito as mulheres no sentido da procriação. Como foi intitulada a mãe dos orixás, muitas mulheres a procuram quando têm dificuldades para engravidar, pedindo que Iemanjá lhes traga um fruto do mar”, conta o sacerdote. “Ela também ajuda a abrir caminhos. Costumamos dizer: ‘quando a maré vazar, que leve todos os infortúnios; e quando a maré encher, que traga a fartura’”, completa.“Dia dois de fevereiro / Dia de festa no mar / Eu quero ser o primeiro / Pra salvar Iemanjá”. Como diz essa música de Dorival Caymmi em homenagem à entidade, para a maior parte do país, o dia 2 de fevereiro é a data oficial dos festejos da orixá.Apesar do costume no Pará ser diferente, pai Elivaldo Santos conta que fará uma prece especial para a Rainha do Mar neste domingo e aconselha a todos que puderem a fazer o mesmo, pois, segundo ele, “todo dia é dia de Iemanjá”.SOUREEm Soure, a Festa de Iemanjá é uma tradição que se mantém viva há 50 anos. Durante todo o dia, a celebração envolve rituais com oferendas em homenagem à mãe dos orixás, além de promover a preservação das tradições religiosas afro-brasileiras. A festa está marcada para este domingo (2). As comemorações acontecem na praia do Pesqueiro, onde se reúnem terreiros de umbanda de todo o município e de outras localidades.Essa festiva ocasião é organizada por Mãe Fátima, pajé de Soure, que comanda o terreiro de umbanda de Iansã e Nossa Senhora da Conceição. Aos 77 anos, Mãe Fátima compartilha a origem da tradição. “Organizei a primeira festa de Iemanjá no dia 13 de dezembro de 1975, como forma de agradecimento por uma graça recebida. Naquele ano, eu estava muito doente, prestes a passar por uma cirurgia no hospital, acompanhada de minha mãe. Foi então que, olhando pela janela, horas antes da operação, avistei uma mulher na água, que me disse para me levantar daquela cama e ir para casa, pois eu morreria. Conversei com minha mãe sobre a visão, e ela concordou em que fôssemos para casa, mesmo tendo que assinar um documento no hospital se responsabilizando. Depois de alguns dias, fiquei curada. As primeiras homenagens aconteceram em dezembro, depois passamos a fazer no dia de Iemanjá”, contou.A homenagem será realizada, como de costume, com a concentração ocorrendo no terreiro de umbanda dedicado a Iansã e Nossa Senhora da Conceição. “Realizaremos um cortejo com a imagem de Iemanjá em direção à praia do Pesqueiro, com cânticos, invocaremos as entidades, levamos flores e champanhe, pedimos as bênçãos da mãe Iemanjá e apresentaremos a ela nossos pedidos e agradecimentos”, afirmou.A celebração conta com a colaboração de diversos parceiros comprometidos com a causa ambiental. Na véspera do evento, realiza-se uma coleta seletiva e são promovidas palestras voltadas para a comunidade, com o intuito de aumentar a conscientização sobre questões ambientais.Quer mais notícias sobre Espiritualidade? Acesse nosso WhatsAppMãe Fátima compartilha suas reflexões sobre o valor da celebração. “Na festividade em honra a Iemanjá, a presença é diversa, englobando não apenas os praticantes da umbanda. Muitas pessoas de diferentes origens e crenças se unem, e ela estende suas bênçãos a todos, sem qualquer tipo de exclusão. Convidamos a todos para se juntarem a nós; a festa é inclusiva. Quem desejar trazer suas rosas e pedidos para depositar em nosso barco, este estará acessível a todos”SERVIÇOFestival de Iemanjá na praia do Pesqueiro na Barraca Da Tia SandraDia: 02/02/2025 (Domingo)Hora: 13h às 18hSaída: Terreiro da Mãe Fátima
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