Goiás registra 121 acidentes com aranhas em 2025

Nos primeiros meses de 2025, Goiás tem enfrentado uma crescente preocupação com os acidentes envolvendo aranhas. E esse aumento está especificamente em dados da Secretaria de Estado da Saúde (SES-GO) que indicam que, entre os dias 1º de janeiro e 14 de fevereiro deste ano, o estado já registrou 121 casos de picadas por aranhas, sendo 50 somente em Goiânia. 

Esse aumento nos acidentes é alarmante, refletindo um crescimento de 235,29% em relação ao mesmo período do ano passado, quando foram notificados apenas 17 casos.

O animal, muitas vezes associado a ambientes rurais e afastados, estão cada vez mais presentes nas áreas urbanas, o que explica o aumento de ocorrências em regiões mais densamente povoadas. As vítimas dessas picadas geralmente buscam atendimento no Hospital Estadual de Doenças Tropicais Dr. Anuar Auad (HDT), referência no tratamento de envenenamento por aracnídeos em Goiás. Apenas neste hospital, 57 dos 121 casos foram atendidos, evidenciando o impacto crescente do problema.

De acordo com o biólogo Hélcio Marques, o aumento de picadas de aranhas em Goiás pode ser explicado por uma série de fatores ambientais, climáticos e ecológicos. Ele pontua que o comportamento do aracnídeo, aliado a condições favoráveis de temperatura e umidade, contribui significativamente para o crescimento da proliferação.

“O aumento da temperatura e da umidade durante o período chuvoso cria um ambiente ideal para a proliferação de insetos, que são a principal fonte de alimento das aranhas. Com mais presas disponíveis, as aranhas tendem a aumentar sua atividade, resultando em mais encontros com humanos”, explica Hélcio.

Além disso, o avanço das áreas urbanas e o desmatamento têm forçado as aranhas que migraram para ambientes habitados, como casas e estabelecimentos comerciais. “A expansão urbana, somada à redução das áreas naturais, faz com que as aranhas procurem abrigo em locais mais próximos das pessoas, ampliando a chance de acidentes”, alerta o biólogo.

Outro fator importante mencionado por Marques é a maior interação humana com áreas rurais e naturais durante as férias e períodos de verão, quando as pessoas tendem a frequentar regiões onde as aranhas são mais comuns. Essa interação pode resultar em mais acidentes, já que a presença de espécies venenosas é mais frequente em locais menos urbanizados.

As principais espécies que representam risco para os habitantes de Goiás incluem a aranha-marrom (Loxosceles spp.), a viúva-negra (Latrodectus curacaviensis) e a aranha-armadeira (Phoneutria spp.). Elas são conhecidas por seu veneno potente, que pode causar reações graves no ser humano, como necrose, dor intensa e, em casos extremos, até a morte.

A aranha-marrom, por exemplo, pode causar necrose na pele da pessoa picada, enquanto a viúva-negra é responsável por dor intensa e sintomas sistêmicos como espasmos musculares e dificuldades respiratórias. A aranha-armadeira, por sua vez, é agressiva e pode causar complicações severas caso não seja tratada rapidamente.

Em caso de acidente envolvendo picada de aranha ou qualquer outro animal peçonhento, a primeira medida a ser tomada é lavar a área afetada com água e sabão. A médica Vivian Furtado, diretora técnica do Hospital de Doenças Tropicais (HDT), orienta que, após a limpeza da ferida, o paciente deve buscar atendimento médico o quanto antes, especialmente se a picada for de uma espécie venenosa.

“Em casos de picada por aranha, a recomendação é procurar a unidade básica de saúde mais próxima. Se necessário, o paciente será encaminhado para um hospital especializado, como o HDT, que é referência no tratamento de envenenamento por aracnídeos”, destaca Vivian. O tratamento rápido é crucial, pois o antiveneno deve ser administrado em até 36 horas para evitar complicações graves.

A prevenção é fundamental para impedir acidentes com aranhas e outros animais peçonhentos. O biólogo aconselha que as pessoas adotem algumas medidas simples para minimizar o risco de picadas. “É importante manter os ambientes limpos e evitar o acúmulo de entulho, pois esses locais funcionam como abrigo para aranhas. Também é recomendado sacudir roupas, sapatos e lençóis antes de usá-los, especialmente se forem guardados por longos períodos”, sugere.

Além disso, durante atividades ao ar livre, como caminhadas em áreas rurais, é essencial usar luvas e botas, pois isso ajuda a proteger as mãos e os pés de eventuais picadas.

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