“É perseguição política”, acusam aliados de Bolsonaro em reação a julgamento no STF

Bruno Goulart

O julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pela Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) gerou fortes reações entre seus aliados políticos, que classificaram o processo como “perseguição judicial” e “teatro armado”. O STF avalia se aceita a denúncia contra Bolsonaro e outros 33 acusados de envolvimento em uma suposta tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022. Enquanto ministros analisam provas, parlamentares bolsonaristas – muitos deles barrados de entrar no plenário – defendem o ex-presidente e criticam a Corte.

O deputado federal Gustavo Gayer (PL) foi um dos mais incisivos ao comentar sua exclusão do plenário. “Viemos aqui acompanhar esse teatro contra Bolsonaro e simplesmente fomos impedidos de entrar. Não se preocupem, nossa democracia está pujante”, ironizou. Junto dele, outros parlamentares, como Carlos Jordy (PL-RJ) e o coronel Meira (PL-MA), também foram barrados pela polícia legislativa. Em vídeos que circularam nas redes sociais, Meira aparece xingando agentes, enquanto Gayer e Jordy afirmam que a decisão de impedir sua entrada revela “medo da verdade”.

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Em um vídeo divulgado nas redes sociais, o ex-deputado Fred Rodrigues (PL), enalteceu a ida de Bolsonaro ao STF. “Para ficar registrado na história do Brasil a perseguição, pois ele foi lá e enfrentou o pessoal. Será positivo ele dar entrevista em frente ao STF, pois está tudo lá funcionando sem problema nenhum, com todos os ministros, ao contrário do que falaram, que estávamos sob risco de um golpe. Um golpe onde tinha uma mulher pichando estátua com batom?”, questionou, em referência aos protestos de 8 de janeiro de 2023.

“Onde está o golpe?”

A tese de que não houve tentativa de golpe foi reforçada por outros políticos bolsonaristas. O vereador de Goiânia Vitor Hugo (PL) afirmou ao O HOJE: “Não houve golpe: era um domingo, sem líder, sem apoio das Forças Armadas, sem apoio externo, sem mídia, sem armas”. Ele ainda criticou a condução do processo: “Não deveria ser no STF; se fosse, deveria ser no plenário. As defesas não tiveram acesso a todas as provas, e o julgamento está sendo célere demais”.

Willian Veloso (PL), também vereador em Goiânia, foi mais enfático: “Trata-se da maior perseguição política e judicial do Brasil. A maioria dos brasileiros apoia Jair Bolsonaro. Infelizmente, o resultado a gente já sabe, mas acredito numa virada da história”. Ele ainda comparou a situação atual com a resistência bolsonarista: “O líder que tentam silenciar continua reunindo milhares por onde passa, enquanto o atual governo não consegue mobilizar o povo”.

O deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) concentrou suas críticas no que chamou de “prioridades invertidas” do Judiciário. “Teatro vergonhoso, com péssimos atores e uma história que convence só eles mesmos. Aqui fora – no mundo real – o alimento continua caro e famílias estão endividadas. Os problemas reais sobrepõem a narrativa do golpe”, disparou.

“Olho no olho”

O ex-presidente optou por comparecer pessoalmente ao julgamento, uma decisão elogiada por seus aliados. “Bolsonaro está certo de ir. É olho no olho. O julgamento já foi politizado quando ministros disseram coisas como ‘perdeu, mané’ ou ‘vencemos o bolsonarismo’”, afirmou o vereador Vitor Hugo ao O HOJE.

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