Estado amplia faixa etária para vacinação contra HPV

No Brasil, estima-se que entre 9 e 10 milhões de pessoas estejam infectadas pelo Papilomavírus Humano (HPV), com cerca de 700 mil novos casos registrados anualmente. O HPV é uma Infecção Sexualmente Transmissível (IST) que pode levar ao desenvolvimento do câncer de colo do útero, uma das principais causas de mortalidade entre as mulheres.

A Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES-GO) anunciou a ampliação temporária da faixa etária para a vacinação contra o HPV. A partir de abril, adolescentes de 15 a 19 anos, de ambos os sexos, poderão se vacinar gratuitamente nas unidades de saúde do estado.

A iniciativa busca proteger aqueles que não receberam a imunização na faixa etária recomendada, de 9 a 14 anos, e reduzir os riscos de cânceres associados ao vírus, como os de colo do útero, pênis, boca e ânus. No entanto, a ampliação do público-alvo será válida apenas até 30 de junho. Após essa data, a vacina voltará a ser destinada exclusivamente a crianças e jovens de 9 a 14 anos.

A SES-GO reforça a importância da vacinação na prevenção do câncer de colo do útero, que leva centenas de pessoas a óbito anualmente no estado. Dados da Coordenação de Oncologia da secretaria apontam que, em 2022, foram registrados 868 casos da doença e 238 mortes. Em 2023, os números subiram para 935 diagnósticos e 249 óbitos, enquanto, em 2024, já foram contabilizados 595 casos e 242 mortes.

De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), o HPV é responsável por 99% dos casos de câncer de colo do útero, reforçando a necessidade da vacinação como principal forma de prevenção.

A infecção sexualmente transmissível pelo vírus é considerada a mais comum do mundo. De acordo com a infectologista Ana Beatrix Ferreira Caixeta, a vacinação é a forma mais eficaz de prevenção contra a doença. “Apesar de a vacina não proteger contra todos os sorotipos — são mais de 200 —, ela protege contra aqueles mais frequentemente associados tanto às verrugas e lesões genitais quanto aos casos de cânceres relacionados ao vírus”, explica a especialista.

Eficácia da vacina quadrivalente e nonavalente

A vacina quadrivalente, oferecida pelo Programa Nacional de Imunização em dose única, apresenta eficácia variável de acordo com o tipo de lesão. Segundo Caixeta, os índices de proteção para o câncer do colo do útero são de aproximadamente 70%, para o câncer de vulva entre 70% e 75%, para o câncer anal até 90% e para o câncer de pênis cerca de 80%. 

“Já a vacina nonavalente, que inclui mais cinco sorotipos além dos presentes na quadrivalente, amplia ainda mais a proteção, pois abrange sorotipos com maior potencial oncogênico, ou seja, com maior chance de causar câncer”, destaca.

Impacto da vacinação em dose única

Do ponto de vista de saúde pública, a vacinação em dose única é eficaz e tem um papel fundamental na ampliação da cobertura vacinal entre a população de 9 a 14 anos. “Reduzindo o número de doses, conseguimos vacinar um maior número de indivíduos, principalmente jovens, diminuindo as chances de infecções e a incidência do câncer de colo do útero”, ressalta.

Outras medidas de prevenção

Além da vacinação, outras medidas são fundamentais para reduzir a infecção pelo HPV, como o uso de preservativos em todas as relações sexuais e a educação sexual. “Informar a população jovem, tanto nas escolas quanto em casa, sobre como a infecção ocorre, como é adquirida e quais são as formas de prevenção é essencial”, enfatiza a especialista.

Consequências da infecção pelo HPV

A infecção pelo HPV pode causar o crescimento anormal de células no local afetado, resultando em lesões verrucosas (como verrugas genitais) e até mesmo em cânceres. “Essas lesões podem surgir na vagina, no pênis, na região anal e também evoluir para condições pré-cancerosas. O câncer de colo do útero é o mais comumente associado ao HPV, mas também podem ocorrer cânceres anais e penianos”, finaliza Caixeta.

 

Imunizante está disponível gratuitamente no SUS

A SES-GO reforça a importância da vacinação contra o vírus, destacando a facilidade de acesso, já que o imunizante está disponível gratuitamente no Sistema Único de Saúde (SUS). A ampliação da faixa etária visa aumentar a proteção e reduzir a vulnerabilidade dos adolescentes diante da infecção.

Para garantir maior adesão, a Secretaria orienta os municípios a diversificarem suas estratégias de atendimento, incluindo a oferta da vacina em escolas, ampliação dos horários de atendimento e a busca ativa de pessoas que ainda não se vacinaram. Desde 2023, o esquema vacinal passou a ser de dose única, o que facilita ainda mais a imunização.

A superintendente de Vigilância Epidemiológica e Imunização da SES, Cristina Laval, ressalta a segurança e eficácia do imunizante: “A vacina é uma ferramenta poderosa para proteger nossa população, especialmente os jovens, que estão em uma fase de maior exposição ao HPV”.

Além da ampliação da cobertura vacinal, a campanha também tem como objetivo conscientizar a população sobre os riscos do HPV, uma infecção sexualmente transmissível (IST) que pode ser assintomática, mas capaz de causar lesões que evoluem para câncer. A transmissão ocorre principalmente por relações sexuais desprotegidas, mas também pode acontecer pelo contato direto com pele ou mucosas infectadas.

Para se vacinar, basta comparecer a uma unidade de saúde levando a caderneta de vacinação e um documento de identidade. A SES reforça que a prevenção é essencial para reduzir os casos e óbitos por câncer do colo do útero e outras doenças associadas ao HPV.

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