Correnteza organiza estudantes da UDESC contra precarização

Movimento Correnteza organiza trabalho de denúncia dos ataques do governador fascista Jorginho Melo aos direitos dos estudantes da UDESC.

Ísis C. Artusi e Vitória B. Ribeiro | Florianópolis


Sendo um dos estados mais fascistas do país com uma assembleia composta majoritariamente por partidos de extrema-direita como o Partido Liberal (PL), as universidades de Santa Catarina sofrem diretamente com as contradições e desigualdades defendidas pelas alianças entre políticos e os grandes empresários.

A exemplo disso, a aprovação do projeto Universidade Gratuita, encabeçado pelo atual governador do estado Jorginho Mello (PL), que destina o investimento da educação estadual para as universidades comunitárias com bolsas para os estudantes em vulnerabilidade social, mas com a prerrogativa de trabalho em troca das bolsas e diversas dificuldades em seu acesso. Além disso, não há políticas de permanência nessas universidades, que na sua maioria, não tem restaurantes universitários ou moradias estudantis.

Esquecem de comentar que o orçamento da UDESC é devolvido todos os anos ao estado de Santa Catarina. Por isso, é importante o debate e a organização de uma luta que pode se dar através das entidades universitárias organizadas, contra a mercantilização da educação no estado e pela garantia de uma universidade mais acessível, pelo fim do vestibular e pelo aumento de concursos, que permitam a ampliação do corpo docente e estrutura para todo o povo que deseja ingressar na UDESC – a universidade verdadeiramente pública e gratuita de Santa Catarina. 

Outra política que faz parte do plano de sucateamento e da educação no geral,  é a política do arcabouço fiscal, antigo teto de gastos, que mesmo sendo uma política nacional, afeta a conjuntura geral do estado de Santa Catarina. Enquanto são colocados limites para os gastos na educação e saúde no nosso país, mais da metade da riqueza produzida pelo nosso país vai direto para o bolso de grandes empresários e países. É necessária a luta pela auditoria da dívida pública em nosso país e pela suspensão do arcabouço fiscal. 

Os estudantes querem entrar e permanecer 

A luta pela permanência é a questão principal no dia a dia dos estudantes da UDESC. Hoje em dia nem a política de cotas, nem os auxílios permanência oferecidos pela universidade são o bastante para garantir a não evasão dos estudantes que ingressam no ensino superior. 

As políticas de entrada na Universidade do Estado de Santa Catarina preveem o ingresso de apenas 30% das vagas totais para o programa de ações afirmativas, sendo 20% dessas vagas para estudantes que completaram o Ensino Médio na rede pública, e o restante, 10%, para estudantes negros. Outra escassez está nas cotas para pessoas com deficiência, pessoas trans e pessoas indígenas. As políticas de cota da UDESC se mostram consideravelmente atrasadas comparadas ao resto do país e, por mais que tenha sido criada uma comissão para reavaliação das cotas, nenhuma solução efetiva foi apresentada nos últimos quatro anos de uma gestão alinhada com os governos fascistas de Santa Catarina. 

Além das condições de ingresso, as condições de permanência são ainda piores. Há cursos em que são abertas 40 vagas e entram apenas 5 alunos. Há outros casos, ingressam 40 estudantes e destes somente 5 se formam na universidade. A cada semestre, vemos nossas turmas diminuírem, mais e mais estudantes das mais diversas realidades precisando escolher entre fazer uma graduação ou pagar o aluguel e colocar comida na mesa. A “coincidência” é que esses estudantes que trancam ou desistem da faculdade são trabalhadores, pobres, pretos, mães, pais, estudantes com deficiência, indígenas, trans. Questionamos então, é mesmo coincidência ou um projeto para que somente estudantes brancos, (majoritariamente homens cis gênero e classe média alta) possam permanecer na UDESC? 

Em contato direto com essas contradições e reivindicações dos estudantes no espaço da universidade, a Chapa Calor da Rua, construída por estudantes do Movimento Correnteza e outros estudantes independentes, apresentou seu programa político para a universidade e venceu as eleições para o Diretório Central dos Estudantes Antonieta de Barros, contabilizando um total de 886 votos dos 1446 votos depositados. 

A luta organizada na Universidade do Estado de Santa Catarina

Com uma formação de chapa e campanha que teve como principais pautas atingir os estudantes das cidades dos interiores, denunciar o governador fascista do Jorginho Mello e o Projeto de Universidade Gratuita, denunciar as condições precárias de permanência e ingresso da universidade e apontar nossos verdadeiros inimigos. O nosso inimigo é o estado burguês e fascista, que cotidianamente coloca bilhões nos bolsos de banqueiros e grandes empresários, enquanto temos milhões de famílias e crianças sem moradia digna, com fome, sem acesso a saneamento básico, educação e saúde. 

É necessário entender, que através da gestão das entidades e da luta organizada dentro do movimento estudantil, a nossa juventude se molda e ocupa tarefas que mudam efetivamente o cotidiano dos estudantes e trabalhadores de uma universidade. Em outras palavras, o povo que compõe a classe estudantil se coloca com firmeza dentro do espaço universitário, mostrando que o ocupa pela luta do povo e que vai ocupar cada vez mais. 

Mas pautar também, como Diretório Central dos Estudantes, denúncias imprescindíveis no movimento estudantil. É deixar claro que não é um DCE que vai resolver e mudar a educação. Assim como não são os professores que vão mudar a escola. A comunidade pobre, periférica, preta e indígena não vai ocupar a maioria dos espaços acadêmicos até que não se destrua esse sistema. As mulheres, pessoas LGBTIAPN+ não estarão seguras nos espaços acadêmicos, enquanto a burguesia estiver no poder. A exploração dos trabalhadores terceirizados da limpeza, das cantinas, restaurantes universitários, entre outros, não vai acabar até que não se faça a revolução socialista.

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