Fotoativa recebe exposição “Paisagens Mineradas”

O que a arte pode nos ensinar sobre nós mesmos? Como pode nos fazer repensar nossas ações enquanto sociedade? Como a arte pode ajudar a ressignificar a dor e construir novos cenários possíveis?Foi a partir de questionamentos como esses que se desenhou a exposição “Paisagens Mineradas: Marcas no Corpo-Território”. O projeto reúne onze artistas mulheres cujas obras e subjetividades se conectam nas reflexões sobre relação entre memória, corpo e paisagem em um contexto exploratório, além de uma agenda paralela com exibição de filmes e debates relacionados ao tema, como a roda de conversa que será mediada pela jornalista Cristina Serra, autora de “Tragédia em Mariana: A história do maior desastre ambiental do Brasil”.CONTEÚDOS RELACIONADOS: Exposição gratuita reúne veículos antigos e raros em BelémGermano Barata realiza exposição Liberdade às Cores em BelémDepois de estrear em São Paulo, em janeiro deste ano, a mostra abre seu projeto de itinerância por Belém, onde aporta na Associação Fotoativa, a partir de 5 de setembro de 2024. Os ingressos são gratuitos.A exposição marca os cinco anos da tragédia-crime de Brumadinho (MG), que em 25 de janeiro de 2019 matou 272 pessoas e eliminou 133,27 hectares de vegetação nativa de Mata Atlântica, além de incontáveis vidas animais, após o rompimento de uma barragem em uma área de mineração. É uma realização do Instituto Camila e Luiz Taliberti, ONG voltada para ações educativas e culturais sobre sustentabilidade ambiental, criada para homenagear os irmãos Camila e Luiz, vítimas do rompimento da barragem de Brumadinho.Quer mais notícias de entretenimento? Acesse nosso canal no WhatsAppPinturas, videoarte, instalações e fotografias fazem a tessitura dessas paisagens, onde cabem denúncias, imagens impactantes, dores e também delicadezas, em um misto de manifesto, memória e oração.São obras de artistas como as mineiras Isadora Canela (cocuradora da exposição) e Julia Pontés, cujas pesquisas se encontram no pensamento sobre as consequências da exploração minerária; como a ativista e educadora Shirley Krenak, que desde a adolescência se empenha na luta pela manutenção da identidade e do território do seu povo; como a paulista Beá Meira, em que o interesse pela paisagem traz à sua obra a investigação sobre o cenário exploratório que vivemos hoje; ou como Murapijawa Assurini, do Coletivo Kujỹ Ete Marytykwa’awa, que surge como iniciativa de Mulheres Indígenas Awaete em união a Mulheres Iarakynga, ou não indígenas, com a proposta da troca de saberes e práticas entre os povos; e a paraense Keyla Sobral, artista visual cuja obra surge como ato político de estar no mundo.Sob o olhar dessas mulheres, “Paisagens Mineradas” pensa sobre a onipresença da mineração na vida contemporânea – no celular, computador, no trem, no carro… –, mas também sobre a paisagem adoecida pela lógica da mercantilização da Terra e da vida, e faz um convite a um imaginário de solo fértil rumo à transformação.Programação paralelaParalelamente à exposição, entre os dias 5 e 7 de setembro, como parte do projeto “Paisagens Mineradas”, a FotoAtiva vai receber as artistas Beá Meira, Isis Medeiros, Lis Haddad e Mari de Sá, que vão acompanhar a visitação e participar de rodas de conversa sobre suas poéticas. Duas performances artísticas também estão previstas.Há exibição de filmes como “Solastalgia”, do pesquisador, cineasta e artista visual Lucas Bambozzi, que vem investigando, em seus últimos trabalhos, o sentimento de perda diante das transformações radicais da paisagem, a “solastalgia”, termo cunhado pelo filósofo Glenn Albrech. E ainda debates sobre temas como “A propaganda na era do Greenwashing”, além de uma aula aberta que possibilitará experienciar a perspectiva das Águas, Terras e Florestas sobre os impactos socioambientais da mineração.Conheça as artistas participantes:Isadora CanelaArtista de Brumadinho e cocuradora da exposição, junto com o Instituto Camila e Luiz Taliberti. Com obras e poética que brincam com elementos orgânicos, tecnológicos e industriais, Isadora se dedica a pesquisar sobre descolonização do pensamento, da terra, dos povos e dos corpos no contexto do Antropoceno, especialmente focada nas consequências da mineração vivida em seu dia a dia, buscando semear outros imaginários possíveis a partir do encontro.Murapijawa Assurini / Coletivo Kujỹ Ete Marytykwa’awaO Coletivo Kujỹ Ete Marytykwa’awa surge como iniciativa de Mulheres Indígenas Awaete em união a Mulheres Iarakynga, ou não indígenas, com a proposta de troca de saberes e práticas entre os povos.Beá MeiraArtista e pesquisadora que vive e atua em São Paulo e que ao longo de 30 anos vem criando práticas pedagógicas e colaborativas por meio da arte. O interesse pela paisagem trouxe para sua poética a investigação sobre o cenário ruinoso de exploração em que estamos imersos.Shirley KrenakAtivista e educadora, Shirley Djukurnã Krenak está envolvida desde a adolescência com a luta do povo Krenak, que tem hoje parte de seu território original demarcado ao longo da margem esquerda do Rio Doce, leste de Minas Gerais, que foi atingido pelos rejeitos da barragem de Brumadinho. À frente do Instituto Shirley Djukurnã Krenak, Shirley trabalha em escolas, universidades e projetos socioculturais, levando histórias indígenas e também os valores de coletividade que aprendeu com os mais velhos.Luana VitraArtista mineira de Contagem, seus objetos e instalações – realizados a partir de composições com uma ampla gama de materiais, como ferro e fuligem – reconfiguram símbolos universais e elaboram outros, especialmente investidos nas qualidades da matéria, evocando subjetividades e questionamentos políticos.Isis MedeirosFotógrafa dedicada ao fotojornalismo e fotografia documental, com trabalhos publicados em veículos como National Geographic, BBC News, Greenpeace e El País.Mari de SáArtista visual com trabalhos focados em causas sociais, tendo como objeto principal o livro de artista e estimulando a artesania como forma de arte comunitária.Julia PontésFotógrafa, artista visual e pesquisadora mineira, cuja obra se concentra especialmente nas explorações minerais no Brasil.Lis HaddadArtista multidisciplinar, pesquisa os conceitos de paisagens domésticas x paisagens indomesticáveis – literais ou metafóricas – e os movimentos que ocorrem nos corpos quando há perda das paisagens afetivas, seja por exílio ou pela remodelação do ambiente por imposições extrativistas do capital.Silvia NoronhaArtista visual e pesquisadora mineira que desde 2025 se concentra no que chama de “geologia especulativa”, um processo pseudocientífico onde entende o solo como mídia que concentra informações multidimensionais, especialmente sobre o tempo.Keyla SobralArtista visual, doutora e mestre em Artes pela Universidade Federal do Pará. Atua ainda como curadora independente, sendo atual curadora adjunta da Coleção Amazoniana de Arte da UFPA.Como artista, tem participado de exposições e projetos no Brasil e no exterior, como a Bienal da Amazônias (Belém, 2023), Festival ON/OFF (França, 2023) e Amazonian Video Art, no The Centre for Contemporary Arts – (Glasgow, Escócia, 2016). É autora do livro ‘Nunca falei tão sério”, lançado em 2023 pela editora Urutau.Sobre o Instituto:O Instituto Camila Luiz Taliberti é uma entidade sem fins lucrativos, criada democraticamente em julho de 2019 para honrar a missão de Camila e Luiz Taliberti. Os dois irmãos estão entre as pessoas que tiveram sua vida interrompida em 25 de janeiro de 2019 em consequência do rompimento da barragem do Córrego do Feijão, na cidade de Brumadinho (MG).O Instituto atua promovendo ações culturais e de sustentabilidade em prol de ampliar a conscientização da população sobre as consequências da mineração para a comunidade civil.Serviço: Paisagens Mineradas: marcas no corpo-territórioAbertura: 5 de setembro de 2024, às 18h.Visitação: Até 5 de outubro de 2024Onde: Associação Fotoativa (Praça das Mercês, 19, Bairro da Campina – Belém/PA)Ingressos: Gratuitos
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