Prefeito de Olinda ataca a cultura popular pernambucana

O Ministério Público de Olinda removeu o acervo do mestre bonequeiro Fernando Augusto Gonçalves, sem consultar a família, desrespeitando sua memória e a cultura pernambucana. Suas obras, negligenciadas pela gestão do prefeito Lupércio (PSD), serão distribuídas a outros estados e municípios brasileiros.

Yan Gurgel | Olinda – PE


BRASIL – Fernando Augusto Gonçalves é uma figura artística importantíssima para Olinda. Bonequeiro, mestre do teatro de mamulengos, é responsável por inúmeros carnavais do município. Sua morte, em 2022, aos 74 anos, entristeceu o povo olindense que admirava sua obra.

Em 2024, exatamente dois anos depois de sua morte (15 de julho de 2022), o Ministério Público de Olinda, em desrespeito ao legado de Fernando Augusto e a sua família, e em um claro ataque a cultura pernambucana, determinou a retirada de seu acervo do local onde atualmente se encontram, sem nenhum contato com seus familiares.

Suas obras, já sucateadas desde sua morte, jogadas numa rua qualquer, tratadas como lixo pela gestão do prefeito Lupércio (PSD), irão para diversos municípios e estados brasileiros, transferindo a responsabilidade de preservação dessas obras para o primeiro que demonstrar interesse.

Falta de preservação da cultura popular

Cultura Popular Pernambucana. Casas históricas estão abandonadas no bairro do Carmo, em Olinda. Foto: Reprodução.
Casas históricas estão abandonadas no bairro do Carmo, em Olinda. Foto: Reprodução.

A falta de preservação da cultura do Centro Histórico de Olinda, oficialmente declarado como patrimônio da humanidade, e das obras de uma das figuras mais importantes para a cultura do município, demonstra o claro desrespeito, a falta de responsabilidade e o ataque aberto aos artistas olindenses e de todo o Brasil.

A decisão do Ministério Público de Olinda de retirar o acervo do mestre bonequeiro Fernando Augusto Gonçalves, sem consulta prévia à sua família, gerou um amplo debate sobre a preservação da cultura popular pernambucana e a responsabilidade das autoridades em relação ao patrimônio artístico e histórico da cidade. Muitos olindenses se sentiram profundamente magoados com essa atitude, que consideram um desrespeito não apenas à memória de Fernando Augusto, mas também à identidade cultural de Olinda.

A gestão do prefeito Lupércio (PSD) tem sido alvo de críticas por sua falta de investimento na preservação do Centro Histórico de Olinda e na valorização dos artistas locais. A situação do acervo de Fernando Augusto Gonçalves é apenas um exemplo dessa negligência. As obras, que deveriam ser protegidas e exibidas para as futuras gerações, foram deixadas à mercê do tempo e do descaso, transformando-se em lixo nas ruas da cidade.

A transferência do acervo para outros municípios e estados pode parecer uma solução temporária, mas na verdade é um ato de abandono da responsabilidade de preservar essa parte importante da história e cultura de Olinda. Além disso, essa medida pode levar à dispersão das obras, dificultando ainda mais o acesso e o estudo sobre a vida e a obra de Fernando Augusto Gonçalves.

Diante dessa situação, é fundamental que a sociedade olindense se mobilize para exigir das autoridades uma atitude mais comprometida com a preservação da cultura popular e do patrimônio histórico. É necessário que haja um investimento real na valorização dos artistas locais, na criação de espaços culturais adequados e na proteção do acervo de figuras importantes como Fernando Augusto Gonçalves.

A cultura popular é um bem imaterial que enriquece a identidade de um povo e deve ser preservada para as gerações futuras. E não tratada como um mero ornamento, mas sim uma parte essencial da vida da cidade.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.