Estudantes de Florianópolis ocupam Secretaria de Educação do Estado

Após persistência dos estudantes, a Secretaria de Educação de Santa Catarina recebeu representantes de entidades estudantis e protocolou a carta reivindicatória que foi entregue ao gabinete.

Isadora Miranda | Florianópolis (SC)


EDUCAÇÃO – Caminhando do Largo da Alfândega até a Secretaria de Estado da Educação (SED/SC), estudantes secundaristas e universitários marcharam na quarta-feira, 14 de agosto, em um ato em defesa da educação. O objetivo dos manifestantes foi denunciar os cortes orçamentários na educação, o aumento da privatização e militarização nas escolas e reivindicar o fim do Novo Ensino Médio. O secretário de educação Aristides Cimadon se ausentou da negociação da SED com os estudantes, mas será obrigado a ler a carta em até 21 dias e dar uma resposta às entidades estudantis.

Ao chegarem na Secretaria, os estudantes tiveram sua entrada barrada, mas permaneceram se mobilizando e insistindo para que pudessem dialogar com a instituição. “Isso é um reflexo de como a Secretaria lida com os estudantes que ela representa. Mesmo sendo um órgão público, ficaram com medo quando viram os estudantes se aproximando”, disse Sofia, estudante de Engenharia de Automação e militante do Movimento Correnteza e da Unidade Popular pelo Socialismo (UP). No entanto, levantando a bandeira de que “os estudantes não se rendem”, os manifestantes ocuparam o espaço e exigiram uma reunião com os representantes da secretaria.

As entidades estudantis entregaram uma carta à Secretaria com denúncias sobre as más condições de infraestrutura nas escolas, nas quais faltam itens de higiene, ar condicionado e as salas de aula estão superlotadas. Os estudantes afirmam que os problemas acontecem por falta de orçamento destinado à educação. No documento, há também denúncias sobre a aprovação do Novo Ensino Médio (NEM), mostrando que 64,5% dos estudantes secundaristas não cursaram os itinerários escolhidos, e 81,5% estão insatisfeitos com o programa.

Outra denúncia colocada na carta foi o aprofundamento das privatizações e militarização nas escolas públicas. A exemplo, foi falado da Escola de Ensino Básico Ildefonso Linhares, escola cívico-militar, onde houve casos de assédio por parte dos policiais com os estudantes. Assim, a carta solicita o compromisso da SED com a não militarização e não privatização das escolas estaduais, com a não perseguição dos professores, e com a Lei do Grêmio Livre.

“A luta não termina hoje”

Amanda Wenceslau, candidata à vereadora em Florianópolis pela UP, esteve presente no ato representando os estudantes. Foto: João Rio.
Amanda Wenceslau, candidata à vereadora em Florianópolis pela UP, esteve presente no ato representando os estudantes. Foto: João Rio.

A reunião aconteceu em auditório com mais de 80 lugares, mas somente 5 representantes foram autorizados a participar do espaço, sendo eles da União Catarinense dos Estudantes (UCE), Diretório Central dos Estudantes Antonieta de Barros (DCE/UDESC), Diretório Central dos Estudantes Luís Travassos (DCE/UFSC), União Florianopolitana dos Estudantes Secundaristas (UFES), e Federação Nacional dos Estudantes em Ensino Técnico (FENET).

Segundo as participantes da reunião, a secretaria afirmou que “há muito papel higiênico e sabonete nos almoxarifados, mas as escolas ficam sem por baixa fiscalização”. O órgão protocolou a carta, e prometeu que o secretário da educação responderá às entidades em até 21 dias.

A candidata a vereadora pela Unidade Popular pelo Socialismo (UP), Amanda Wenceslau, estudante do Instituto Federal de Educação de Santa Catarina, representou a UFES no ato e ressaltou a importância da manifestação. “A luta não termina hoje. Essa ocupação é pra gente voltar para a sala de aula e seguir mobilizando os estudantes, mostrando que a condição das nossas escolas acontece por má vontade do Estado em cumprir seu papel”.

Amanda, enquanto candidata da UP, defende uma educação socialista, devendo ela ser pública, gratuita e socialmente referenciada. Denunciando o avanço do fascismo em Santa Catarina e no Brasil, a Unidade Popular pelo Socialismo acredita que o avanço da privatização e militarização das escolas é uma tática da extrema-direita para intensificar a exploração do povo e controlar ainda mais a juventude, que tem cada vez mais dificuldade em acessar o ensino básico e superior. 

Assim, a UP se posiciona nacionalmente a favor da revogação do Novo Ensino Médio, e defende uma educação integral, com acesso ao ensino básico, esporte e à cultura. Além disso, o partido defende a luta pelo passe livre para estudantes de todos os níveis, sendo essa uma forma de reforçar o direito constitucional de acesso à educação gratuita.

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