Cobertor curto nos portos

Por Ivan Ramos, diretor executivo FECOAGRO

Não existe frase mais real do que essa: “O cobertor é curto”. Se alguém está com frio e o cobertor está curto, alguma parte do corpo fica descoberto. Aí cabe aos responsáveis pelos aposentos resolver o problema. Ou compra um cobertor maior, ou se oferece um melhor ambiente para abrigar a cama. Essa estorinha serve para demonstrar o que vem acontecendo no Porto de São Francisco do Sul. A estrutura portuária não comporta o crescimento da movimentação do Porto e, aí, os usuários ficam se digladiando; um reclamando do outro e o dono da casa sem força para resolver o problema. Se o cobertor está curto, alguém vai ficar com frio. Portanto, melhorar o ambiente de convivência é o caminho mais acertado, até que se adquira outro cobertor.

Guerra de informações, muitas vezes distorcidas de parte a parte, não vai resolver a situação. Tapar o sol com a peneira, querendo justificar impotências ou defesa de interesses não muito claros, também não vai solucionar. Portanto, cabe aos responsáveis pela operação do Porto arrumar saídas. Não importa quem é a pessoa, mas sim, como instituição pública. Precisa ser resolvido. Nem que seja a privatização e/ou parceria público-privada para investir no Porto. Também não resolve agressões pessoais. Por outro lado, não revelar a realidade dos fatos para justificar ineficiência acaba acirrando as divergências. Jogar entidades no fogo para defender ou acusar algum dos lados é uma injustiça que pode até desmoralizar quem assume a situação baseado em informações distorcidas.

Os portos de SC só tendem a ampliar suas operações. À medida que cresce a agropecuária e os demais setores econômicos, a consequência é um maior volume de importações e exportações que precisarão dos portos. Portanto, cabe aos responsáveis pela gestão se agilizar. Caso contrário, iremos perder competitividade nas receitas e nos mercados. No caso das importações de fertilizantes, se as matérias-primas tiverem que ser destinadas para outros portos de outros estados, perde todo mundo. Perde quem importa, porque terá maiores custos de logística; perde o produtor, porque terá custos maiores com seus produtos; perdem os exportadores de carnes e de grãos, que também terão custos maiores com seus insumos; perde o Porto e o município de São Francisco do Sul nas suas receitas operacionais e arrecadações; e perde o Estado de SC.

Trazer fertilizantes por outros estados, processá-los lá e faturar para SC significa evasão de ICMS. O produto vai entrar no estado com crédito de ICMS e aqui não é tributado na venda, portanto gera crédito no nosso estado e receitas ao estado de origem. Seria bom que todos os envolvidos no processo avaliassem todo o complexo e não só onde surgem pressões. Ao invés de um ficar acusando o outro, temos que sentar e resolver os problemas dos nossos portos. E a população cobrar providências dos nossos políticos. Pense nisso. 

Fonte: Fecoagro 

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