Primeira eleição após boom das IAs escancara risco das deepfakes

Faltam poucos dias para as eleições brasileiras e o país está diante de um novo e desafiador cenário: o primeiro pleito após o boom das inteligências artificiais (IAs).

Embora as fake news já fossem um problema conhecido, agora o obstáculo é ainda maior com a presença das deepfakes, vídeos manipulados por IA que simulam falas e ações de figuras públicas em situações irreais.

Consultora de marketing digital e especialista em IA, Camila Renaux alerta sobre os perigos dessa tecnologia e oferece dicas para que os eleitores não sejam enganados por esse tipo de desinformação.

No início deste ano, a voz de Joe Biden, presidente dos EUA, foi usada em uma chamada robótica destinada aos eleitores das primárias de New Hampshire, desencorajando a participação nas eleições. Na Índia e na Indonésia, líderes políticos já falecidos ‘ressuscitaram’ para apoiar sucessores. Todos esses casos viralizaram, mas nenhum deles era real”, exemplifica.

Ela conta que no Brasil a situação é igualmente preocupante já que há comprovação do uso de deepfakes para propagar notícias falsas ligadas às eleições, assim como também ocorreu nos Estados Unidos e Argentina.

Essa nova realidade, inclusive, motivou o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) a regulamentar o uso de inteligências artificiais nas eleições, com regras claras, incluindo a proibição de deepfakes, a exigência de que qualquer conteúdo de campanha produzido com IA informe explicitamente os eleitores sobre seu uso, a restrição da utilização de robôs no contato com eleitores, entre outros.

Dicas para não cair em deepfakes

Para evitar essas armadilhas digitais, ela recomenda seguir algumas práticas de verificação:

  • Cheque a fonte: notícias que parecem bombásticas ou provocam emoções intensas merecem atenção redobrada. Verifique se o site tem um histórico de credibilidade.
  • Desconfie de notícias sensacionalistas: manchetes exageradas geralmente são feitas para gerar reações fortes. Analise com calma e veja se há confirmação em mais fontes de comunicação.
  • Pesquise em outros veículos: confirme informações impactantes em sites de confiança. Se ninguém mais está noticiando o fato, pode ser fake.
  • Verifique a data: notícias antigas podem ser reutilizadas para enganar. Sempre confira a data de publicação. Ou se o post não tiver data, desconfie.
  • Analise a qualidade do texto: conteúdos gerados por IA podem conter erros gramaticais ou linguagem estranha. Desconfie de textos mal escritos.
  • Olhe as imagens com cuidado: imagens manipuladas são comuns, principalmente entre as deepfakes. Use ferramentas de busca reversa para verificar a origem, como por exemplo, o Google Imagens.
  • Suspeite de contas desconhecidas: perfis recém-criados ou desconhecidos podem ser usados para espalhar desinformação;
  • Fique de olho nas fake news que confirmam suas crenças: isso quer dizer que aquele post perfeito que cita exatamente tudo o que você acredita pode ter sido criado como isca para chamar a sua atenção. Verifique antes de compartilhar.

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