Como nossas experiências moldam a relação com o dinheiro

Por Diogo Angioleti, gerente de gente e gestão do Sistema Ailos.

Administrar as finanças é uma parte fundamental da vida adulta. No entanto, não percebemos que as decisões tomadas acerca do dinheiro, muitas vezes, são moldadas por fatores emocionais e psicológicos, incluindo traumas. Mas qual é a ligação entre o trauma e o comportamento financeiro? Como nossas experiências passadas podem influenciar nossa relação com o dinheiro?

Traumas não são apenas profundos eventos dramáticos, como acidentes ou guerras. Muitas vezes, estão ligados ao ambiente familiar em que crescemos como por exemplo, uma infância marcada pela instabilidade financeira, com medo constante de perder a casa ou não ter comida na mesa.

Essas cicatrizes emocionais são carregadas ao longo da vida e afetam as decisões financeiras de maneiras sutis, mas poderosas. Isso acontece porque o trauma altera a forma como o cérebro lida com a incerteza, o medo e até mesmo a percepção de risco.

Para algumas pessoas, essas experiências levam a comportamentos disfuncionais como gastos sem controle como uma forma de compensação emocional ou o oposto, uma aversão extrema a qualquer tipo de risco, resultando em uma abordagem excessivamente conservadora.

O comportamento financeiro está muito longe de ser puramente racional ou matemático. Muitas das nossas decisões são influenciadas por vieses cognitivos. Um bastante comum é o medo de perder, que faz com que as pessoas se concentrem mais em evitar perdas do que em buscar ganhos. Nesse caso, pessoas com uma situação financeira estável evitam tomar decisões que envolvam qualquer risco, como investir ou empreender e paralisam.

A quem tenha uma visão distorcida de si mesmas, especialmente quando o evento ocorreu na infância ou adolescência. Elas podem carregar um sentimento de não merecimento, e mesmo que elas queiram ter uma vida financeira estável, inconscientemente sabotam suas próprias metas.

Esses comportamentos de visão negativas podem incluir procrastinar o planejamento financeiro, ignorar dívidas ou fazer gastos desnecessários, tudo como uma maneira inconsciente de validar a crença de que elas não merecem sucesso financeiro. Essa conexão entre autoestima e gestão financeira é fundamental para entender o motivo de algumas pessoas, apesar de todo o conhecimento sobre economia e finanças, ainda enfrentarem dificuldades em lidar com aspectos importantes de relação com dinheiro.

Para quebrar esse ciclo, precisamos de uma abordagem integrada que inclua não apenas a educação financeira, mas também o apoio emocional e psicológico. Não adianta ensinar alguém a calcular juros compostos se a pessoa carrega traumas que bloqueiam sua capacidade de tomar decisões racionais.

É necessário que a educação financeira, nesses casos, vá além dos números. Ela deve incluir uma reflexão sobre as experiências emocionais que moldaram a relação com o dinheiro. É importante fortalecer a saúde mental do indivíduo para quebrar esse ciclo e promover uma relação mais saudável e consciente com o dinheiro.

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