Atitude dos seguranças de empresário morto gera suspeitas

A Polícia Civil está conduzindo uma investigação sobre a execução a tiros do empresário Antônio Vinicius Lopes Gritzbach, ocorrida no Aeroporto Internacional de Guarulhos, em São Paulo, na última sexta-feira, 8 de novembro. Um aspecto que chamou a atenção das autoridades foi a conduta da equipe de segurança que realizava a escolta da vítima. Gritzbach era um delator em um inquérito relacionado à lavagem de dinheiro do PCC (Primeiro Comando da Capital) e havia escapado de uma tentativa de assassinato em 2023.Conforme informações divulgadas pela TV Globo, os quatro seguranças relataram que o veículo que deveria buscar o empresário no aeroporto apresentou problemas mecânicos durante o trajeto. Como resultado, apenas um segurança se deslocou para fazer a proteção de Gritzbach em outro carro. A investigação agora se concentra em esclarecer os eventos que realmente ocorreram.Leia também: Homem morre e PM é baleado em troca de tiros na Grande BelémUm investigador da Polícia Civil apontou que o empresário era um alvo em potencial devido às suas denúncias sobre atividades criminosas do PCC. Segundo ele, a decisão mais prudente teria sido deixar o carro quebrado para trás e que todos os quatro seguranças realizassem a escolta do empresário no aeroporto.O celular de Gritzbach foi apreendido pela perícia no local do crime e será analisado para auxiliar nas investigações, com a expectativa de que mensagens relevantes sejam extraídas e identificadas. A Polícia também levanta a hipótese de que o empresário tenha sido monitorado desde sua saída de Goiás, uma vez que os executores pareciam ter conhecimento preciso do horário de seu desembarque.Quem era Antônio Vinicius Lopes GritzbachAntônio Vinicius Lopes Gritzbach atuava como corretor de imóveis no Tatuapé, zona leste de São Paulo. Anteriormente, ele se envolveu em negócios com Anselmo Bicheli Santa Fausta, conhecido como Cara Preta, que gerenciava grandes quantias de dinheiro provenientes do tráfico de drogas e comércio de armas para o PCC.Quer ler mais notícias do Brasil? Acesse o nosso canal no WhatsApp!Cara Preta costumava investir os lucros do crime organizado em imóveis, mas, para evitar chamar a atenção das autoridades, não podia realizar as aquisições em seu nome. Assim, Gritzbach passou a utilizar “laranjas” para adquirir propriedades de alto valor.Há cinco anos, ele se tornou alvo de acusações de desvio de R$ 100 milhões nas finanças da facção ao propor um negócio de investimento em criptomoedas. Em busca de proteção, Gritzbach decidiu apresentar sua versão sobre as operações do crime organizado no futebol, firmando um acordo de delação premiada com o Gaeco (Grupo de Atuação Especial do Combate ao Crime Organizado). A proposta de delação foi feita pela defesa em setembro de 2023, sendo aceita e homologada pela Justiça em abril de 2024.No acordo, Gritzbach forneceu documentos relacionados a quatro empreendimentos da construtora Porte Engenharia e Urbanismo, localizados no Tatuapé, que estão sob investigação do MP-SP (Ministério Público de São Paulo) por suspeitas de terem vendido mais de uma dezena de imóveis a traficantes de drogas do PCC na região. A delação revela que executivos da Porte receberam pagamentos em espécie por imóveis e estavam cientes de registros de propriedades cujo verdadeiro proprietário permanecia oculto. Além disso, há suspeitas de que tenham pago propinas significativas a policiais civis.
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