Suposto plano de assassinar Lula expõe tentativa de golpe de estado em 2022

A Operação Contragolpe, deflagrada nesta terça-feira (19/11) pela Polícia Federal, trouxe à tona um plano que, se confirmado, representa uma ameaça direta às instituições democráticas do Brasil.

A investigação aponta para uma trama que envolvia o assassinato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), reforçando as suspeitas sobre articulações golpistas no período pós-eleitoral de 2022.

Os alvos da operação incluem nomes próximos ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Entre os presos estão o general reformado Mario Fernandes, ex-assessor da Presidência durante o governo Bolsonaro, e três militares com formação em Forças Especiais, os chamados “kids pretos”.

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O grupo é acusado de planejar ações contra as autoridades máximas do país, como assassinatos por envenenamento e atentados a bomba, com o objetivo de impor uma ruptura institucional.

Descoberta de plano contra Lula

A descoberta dos planos ocorreu durante a análise de materiais apreendidos em outra investigação, a Operação Tempus Veritatis, iniciada em fevereiro deste ano. Documentos encontrados pela PF detalham o planejamento do suposto golpe, dividido em cinco fases, incluindo a criação de um “gabinete de crise” que assumiria o controle político do país.

A complexidade do plano indica um nível elevado de organização e reforça os indícios de que parte da cúpula militar e política, próxima a Bolsonaro, esteve envolvida.

Ameaça ao Bolsonarismo

A tentativa de golpe de Estado não é apenas uma ameaça à integridade física de autoridades de alto escalão; é um ataque ao coração do sistema democrático. O fato de que figuras ligadas ao governo anterior estão sendo investigadas cria um cenário de tensão política e institucional. Embora Jair Bolsonaro não tenha sido diretamente implicado até o momento, a proximidade dos envolvidos com seu governo levanta questões sobre seu conhecimento ou possível conivência com os atos.

Se for comprovado que Bolsonaro ou seus aliados tinham ciência do plano, o impacto pode ser devastador para o bolsonarismo. Mais do que uma crise política, o episódio pode representar um divisor de águas para o movimento conservador que ganhou força nos últimos anos. Uma confirmação desse envolvimento consolidaria a narrativa de que o ex-presidente e seu círculo mais próximo alimentaram, de fato, um golpe de estado em 2022.

Quem é quem

Entre os principais envolvidos na suposta trama para assassinar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes estão quatro militares das Forças Especiais do Exército, conhecidos como “kids pretos”, e um policial federal.

O general de brigada da reserva Mario Fernandes, ex-integrante da Secretaria-Geral da Presidência em 2022 e ligado ao Palácio do Planalto, foi apontado pela Polícia Federal (PF) como o idealizador do plano para assassinar as autoridades. Segundo a delação de Mauro Cid, ex-braço direito de Jair Bolsonaro, Fernandes era considerado um dos membros mais radicais do núcleo militar. Ele também já havia sido alvo de uma operação da PF em fevereiro, que prendeu 16 militares.

Outro envolvido é o tenente-coronel Hélio Ferreira Lima, que também integrou as Forças Especiais. Ele foi identificado em reuniões preparatórias para o golpe em 2022, realizadas na casa do general Braga Netto, ex-ministro da Defesa. Hélio já havia sido investigado em uma operação da PF no início deste ano, o que resultou na prisão de outros militares envolvidos em atividades suspeitas.

O major Rodrigo Bezerra de Azevedo, da infantaria do Exército e atuante no Comando de Operações Especiais em Goiânia, é acusado de usar telefones vinculados ao plano de golpe em dezembro de 2022. Ele teria participado de conversas em aplicativos sob codinomes, tramando ações clandestinas.

Rafael Martins de Oliveira, outro major das Forças Especiais, foi identificado como parte do grupo que planejava o golpe. A PF apreendeu materiais com ele em fevereiro, revelando que o ministro Alexandre de Moraes estava sendo monitorado. Rafael também participou de discussões em aplicativos no contexto da operação clandestina denominada “Copa 22”.

Por fim, Wladimir Matos Soares, policial federal que atuou na equipe de segurança do presidente Lula, é acusado de repassar informações sigilosas sobre a segurança presidencial ao grupo conspirador. Ele já era investigado desde 2023, quando foi alvo de uma operação que apurava fraudes nos cartões de vacinação.

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