Acusado de cisma, cardeal chama papa de “servo de satanás”

O arcebispo italiano Carlo Maria Viganò, crítico do Papa Francisco e figura importante no clero ultraconservador, foi convocado ao Vaticano para responder a uma acusação de cisma na Igreja Católica.Viganò foi chamado a comparecer ao Dicastério para a Doutrina da Fé, sucessor da antiga Santa Inquisição, em 28 de junho. Ele pode ser excomungado por ter contestado publicamente a legitimidade do Papa. O arcebispo, porém, emitiu um comunicado afirmando que não aceita a convocação. “Não pretendo participar de um julgamento onde os julgadores, que deveriam defender a ortodoxia católica, são aqueles que acuso de heresia, traição e abuso de poder”, diz a nota.Viganò também afirmou que se sente “orgulhoso” pela acusação. “A Igreja de Bergoglio não é a Igreja Católica. Se sou acusado de cisma por essa Igreja, então é uma honra”, destacou.O secretário de Estado do Vaticano, cardeal Pietro Parolin, comentou que Viganò tem “posições sobre as quais deve responder”. “Lamento muito, sempre o considerei um trabalhador muito fiel à Santa Sé, mas não sei o que aconteceu”, disse.Recentemente, Viganò, ex-núncio apostólico em Washington, chamou Francisco de “usurpador” e “servo de Satanás” por permitir bênçãos a casais homoafetivos. Além disso, o arcebispo já foi repreendido pelo Vaticano por divulgar informações falsas sobre a pandemia de Covid-19.Conhecido como “exterminador de papas”, Viganò trabalhou por mais de 10 anos na Cúria Romana e foi afastado da secretaria do Governatorato da cidade-Estado do Vaticano em 2011, após conflitos dentro da Igreja. Ele também esteve envolvido no escândalo “Vatileaks”, que vazou documentos sigilosos do pontificado de Bento XVI e contribuiu para a renúncia de Joseph Ratzinger em 2013.Quer mais notícias internacionais? acesse o nosso canal no WhatsAppEm 2016, o arcebispo foi removido por Francisco da Nunciatura Apostólica em Washington e forçado a se aposentar.Durante seu tempo nos EUA, Viganò formou alianças com o clero ultraconservador americano, que não se pronunciou sobre a acusação de cisma. O ator Jim Caviezel, que interpretou Jesus no filme “A paixão de Cristo”, de Mel Gibson, pediu “orações” por Viganò, a quem chamou de “defensor da verdade”.
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